Entrada em aldeias está restrita a serviços essenciais devido ao novo coronavírus e os produtos devem ser entregues por meio de órgãos oficiais
Com a intensificação das medidas de isolamento social provocadas pelo avanço do novo coronavirus, especialistas e grupos de apoio a causas indígenas alertam para um aumento da necessidade de assistência social nessas comunidades.
Atualmente, uma Portaria da Funai (Fundação Nacional do Índio) suspende atividades que impliquem contato de indígenas com comunidades externas e estabelece diretrizes para diminuir as chances de contágio do Covid-19 nas aldeias. Dessa forma, somente profissionais responsáveis pela prestação de serviços essenciais, como atendimento à saúde, segurança, entrega de alimentos e medicamentos podem entrar nas comunidades indígenas.
De acordo com a professora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Beatriz Landa, o momento é de união e auxílio a essa população vulnerável. “Em reservas de Mato Grosso do Sul densamente povoadas como Dourados, Caarapó, Porto Lindo e Corumbá, um único caso pode resultar em perda de controle da saúde. Podemos ter muitas pessoas contaminadas, inclusive, pelo modo como os povos indígenas se organizam, muito próximos, como uma grande família”, ressalta Beatriz Landa.
A docente, que desde 2005 coordena o Projeto Rede de Saberes, que oferece suporte a estudantes indígenas, explica que neste momento as comunidades precisam de alimentos, materiais de higiene e de proteção, como máscaras e luvas.
Doações
As doações podem ser feitas por dois canais, a Subsecretaria de Políticas Públicas para a População Indígena e a Divisão de Atenção à Saúde Indígena (DIASI).
“Desde o começo, quando foi decretado isolamento social, nos preocupamos com os nossos parentes da aldeia. Muitos trabalham comercializando os produtos nas feiras de suas cidades ou de porta em porta e neste momento não podem sair de suas comunidades por precaução. Os caciques e lideranças imediatamente atenderam o isolamento e fecharam as entradas das aldeias, com comissão de lideranças que se revezam dia e noite”, afirma a subsecretária de Políticas Públicas para a População Indígena, Silvana Dias de Souza de Albuquerque.
Estima-se que há 80 mil indígenas residentes em 29 municípios de Mato Grosso do Sul, de acordo com dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena, o que corresponde a segunda maior população indígena do País. Antes mesmo da chegada da Covid-19, doenças respiratórias já representavam uma das principais causas de morte dos povos nativos do País, o que aumenta a preocupação de especialistas com a exposição dessas comunidades ao novo vírus.
Serviço: Os produtos podem ser entregues na Subsecretaria de Políticas Públicas para a População Indígena, localizada na Avenida Fernando Correa da Costa, 559. Informações pelo telefone (67) 99808-6606.
Já a Divisão de Atenção à Saúde Indígena (DIASI) fica na Rua Alexandre Fleming, 2007. Informações sobre os pontos de doação podem ser obtidas pelos telefones (67)3378-4200/ 3378-4215 ou 3378-4214.
Foto: Superintendência de Benefícios Sociais