Ouvir as pessoas que fazem e vivem da economia criativa, dialogar e construir de dentro para fora. Com essa proposta em mente, a Superintendência de Economia Criativa, pasta recém-criada e ligada à Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania) dá o primeiro grande passo rumo à meta de fazer de Mato Grosso do Sul uma referência no País em economia criativa.
Depois de passar pelas regiões do Estado apresentando a pasta e o trabalho, é na região Pantaneira, em Corumbá, que se começa a costurar o primeiro plano estadual do segmento.
O encontro regional foi realizado na última quinta-feira (31), no Centro de Convenções do Pantanal de Corumbá, e marca uma nova fase da economia criativa no Estado. “O objetivo é registrar as falas das pessoas das regiões. Este é o momento mais importante, porque o plano só vai funcionar se representar as realidades regionais, que são expressadas pelas vozes das pessoas que estão participando”, enfatiza o superintendente de Economia Criativa de MS, Décio Coutinho.
No palco, como protagonistas na construção do plano, fazedores de cultura, produtores, artistas, fotógrafos, arquitetos, designers, artesãos, gastrônomos e gestores tiveram seus anseios e sonhos acolhidos.
“Temos aqui um grupo extremamente diverso, qualificado, que está trazendo as informações da região para que a gente possa fazer com que essas informações virem atividades e ações do plano estadual”, reforça Décio.
Um dos grandes nomes que trabalham pela cultura de Corumbá, a diretora do Instituto Moinho Cultural e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais, Márcia Rolon foi uma das participantes que se mostrou entusiasmada com a proposta.
“É extremamente animador, estimulante, a metodologia está excelente, então a gente se vê como parte integrante desse processo criativo, consegue colocar nossa voz. Tenho certeza que todos os municípios sendo feitos dessa maneira, a gente vai ter um plano que coloque realmente a necessidade de cada lugar e que vai mostrar quem Mato Grosso do Sul é, e quais os nossos verdadeiros potenciais”, descreve.
Com estandes de exemplos da economia criativa na região e apresentações culturais, o encontro regional de Corumbá trouxe para a discussão quem deixou o Estado de Goiás para assumir a oficina regional de economia criativa em Mato Grosso do Sul, o coordenador do Coletivo Centopeia, Alexandre Andrade.
“Nosso objetivo aqui é, primeiro, mapear a situação da economia criativa da região, e depois criar uma visão de futuro, entender quais são as principais fraquezas, quais são as principais ameaças e também quais são as principais forças e oportunidades. A gente fazendo isso consegue entender o que precisa ser vencido”, explica.
O coordenador fala que depois de identificar fraquezas, ameaças, e claro, as oportunidades, o documento será criado para então virar um projeto de lei, e que será cumprido não só agora como nas próximas gestões.
“Este é, na verdade, um movimento muito inverso do que a gente vê muitas vezes na política, na gestão pública, que é um pensamento de cima pra baixo. A proposta aqui é fazer esse caminho inverso, vir de baixo pra cima, para que de fato os atores, quem atua na economia criativa, pensem o que eles querem para o futuro deles mesmos, e obviamente paro município, paro território e consequentemente para o Estado”, detalha Alexandre.
Representando o município vizinho, Ladário, o articulador da Cidadania Empreendedora e produtor cultural de Carnaval e também do Banho de São João, Alexandre Ohara pontua que apesar de viver há 20 anos a cultura na região, esta é a primeira vez que participa de uma construção de programa.
“Nunca vi na história uma estratégia assim, e eu não quero ser muito otimista, mas eu penso que vai dar certo no futuro, porque eu acredito que somente dessa forma, escutando as pessoas e vendo que cada um tem pra falar que a gente vai chegar em algum lugar”, comenta.
Parceiro nesta empreitada de rodar o Estado e construir o plano, o Sebrae tem trazido para a discussão as temáticas dos eixos de gestão, qualificação, financiamento, mercado, marcos legais e Meio Ambiente.
“Incluímos em nossas ações, nuances da economia colaborativa, setores afins que estão se organizando em torno de um propósito maior, uma grande coalizão, onde são alinhados e documentados os principais interesses de cada segmento, tudo isso num esforço conjunto entre os setores público e privado”, esclarece a analista-técnica do Sebrae/MS e gestora das ações de Economia Criativa no Estado, Daniele Muniz da Silva Vieira.
Plano Estadual
A Superintendência de Economia Criativa, em parceria com o Sebrae, Sesc e prefeituras municipais, segue cumprindo agenda pelo interior do Estado, justamente por entender que o plano precisa atender às peculiaridades de cada região.
Para a construção do plano, serão promovidos oito encontros regionais até o mês de novembro para colher propostas junto às comunidades criativas de cada cidade e região, ouvindo secretários municipais e colaboradores das áreas Turismo, Cultura, Esportes e Meio Ambiente, artistas, artesãos, realizadores de eventos, festas tradicionais e festivais, designers, publicitários, arquitetos, professores, empreendedores, agentes, gestores e produtores criativos e outros das áreas da gastronomia, moda e tecnologia.
O próximo encontro regional será realizado em Naviraí, no dia 14 de setembro. Confira abaixo as datas de cada região:
Fronteira – Ponta Porã
Regional Norte – Rio Verde
Regional Centro – Campo Grande
Regional Oeste – Bonito
Regional Sul – Dourados
Regional Costa Leste – Três Lagoas
Paula Maciulevicius e Matheus Carvalho, da Setescc
Fotos: Mathes Carvalho/Setescc