Após a nomeação do PP para liderar o Ministério do Esporte, a senadora Tereza Cristina, representando o estado de Mato Grosso do Sul, emergiu como a candidata do partido na corrida presidencial de 2026, buscando suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi tomada durante uma reunião da Executiva Nacional do PP, realizada na noite da última terça-feira, 19 de setembro, em Brasília.
No decorrer do encontro, que havia sido convocado para discutir a “Agenda Central”, uma espécie de carta de intenções do partido para os anos vindouros, os líderes do PP reafirmaram a sua “independência” em relação ao governo de Lula. Todos concordaram que o PP, uma peça importante no núcleo do Centrão, deve lançar sua própria candidatura à presidência da República daqui a três anos.
Foi nesse momento que o nome de Tereza Cristina foi apresentado e aclamado pelos líderes do partido, que entoaram o seu nome em uníssono. Embora deputados do PP tenham uma audiência marcada com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, nesta quarta-feira, 20, como reportado anteriormente, há muitos membros na bancada que consideram a relação com o governo como uma “oposição responsável”.
Também é notável que o novo ministro do Esporte, André Fufuca, indicado pelo PP para a Esplanada em substituição a Ana Moser, não estava presente na reunião da Executiva Nacional. O presidente da Câmara, Arthur Lira, que também é membro do PP, estava ausente, pois fazia parte da comitiva que acompanhou Lula em sua viagem a Nova York para participar da Assembleia-Geral da ONU.
Apesar da inclusão do PP no governo de Lula, o partido reiterou sua independência durante o encontro. Lira negociou com Lula um acordo para que o partido assuma a presidência da Caixa Econômica Federal, que atualmente é ocupada por Rita Serrano. Além disso, o Centrão demanda o controle total das 12 vice-presidências do banco, usando a expressão “porteira fechada” para indicar que deseja nomear todos os cargos da estrutura.
Tereza Cristina já ocupou o cargo de ministra da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro e é a coordenadora política da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Senado, sendo uma representante influente da bancada do agronegócio no Congresso. Embora tenha sido cogitada como vice-presidente na chapa de Bolsonaro para a reeleição no ano passado, Bolsonaro optou por se unir ao general Braga Netto, que ocupou os cargos de ministro da Casa Civil e da Defesa.
Publicamente, o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, também defende a indicação de um candidato do partido para concorrer à presidência contra Lula, a quem ele faz oposição nas redes sociais. No entanto, aliados de Ciro sugerem que suas manobras podem visar a obtenção do posto de vice-presidente na eventual candidatura de Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, caso o governador de São Paulo decida concorrer à presidência em 2026. O secretário estadual da Casa Civil de São Paulo, Arthur Lima, que tem laços estreitos com Ciro, se filiou recentemente ao PP.
Ex-ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, Tarcísio tem procurado distanciar-se da imagem do seu padrinho político, que está sob investigação no caso das joias e no inquérito sobre a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro. Há aproximadamente um mês e meio, o governador elogiou Tereza Cristina e expressou saudades de trabalhar com ela.
Tereza Cristina foi a responsável por consolidar as diretrizes do PP, reunidas na “Agenda Central”. Apesar disso, ela não se pronunciou sobre uma possível candidatura à presidência neste momento.