Carnaval inclusivo tem bloco para pessoas com deficiência na Arena do Horto Florestal

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Carnaval inclusivo tem bloco para pessoas com deficiência na Arena do Horto Florestal

Nesta sexta-feira (28), na Arena do Horto Florestal, a alegria tomou conta dos foliões neste carnaval em Campo Grande. O bloco ”Nada sobre nós sem nós”, a partir das 16 horas, trouxe para os foliões da Capital um carnaval inclusivo para pessoas com deficiência. O tema do carnaval deste ano é “Sorriso no rosto e samba no pé”. As bandas Pagode do Tadeu e Charanga da Alegria animaram as pessoas que foram curtir o bloco.

Carnaval inclusivo tem bloco para pessoas com deficiência na Arena do Horto Florestal

O Bloco inclusivo “Nada sobre nós sem nós”, foi idealizado em 2018 por Damião Zacarias Souza da Silva, que atualmente é o presidente do bloco, ritmista, esportista, que toca como voluntário na banda do Corpo de Bombeiros de Campo Grande. Ele é corumbaense, filho de tradicional família de sambistas da cidade branca. Damião é pessoa com deficiência visual (cego), vítima de cegueira devido a um erro médico. Ele compartilhou a ideia em uma conversa de mesa logo após um almoço no ISMAC – Instituto Sul-Mato-grossense para Cegos Florivaldo Vargas. Falou ao amigo Oscar Martinez sobre sua vontade em criar um bloco carnavalesco.

Damião afirmou que o tema deste ano, “Sorriso no rosto e samba no pé”, foi escolhido para ver a alegria estampada no rosto das pessoas com deficiência. “O bloco é para todo mundo brincar e sorrir. A gente luta pra gente ir e vir e ter direitos iguais para todos. Eu fico bastante feliz de ter montado este bloco. É uma alegria que não tem explicação. A luta nossa é para mostrar que a gente é capaz de tudo”.

Mirella Ballatori, da Associação das Mulheres com Deficiência de Mato Grosso do Sul, afirmou que o “Nada sobre nós sem nós”é um bloco de inclusão, mas principalmente de pertencimento. “Porque a gente se sente incluído numa festa popular brasileira, e a gente tem o direito de estar em qualquer lugar. E estamos também aqui na campanha do Não é Não, a luta contra o preconceito contra as pessoas com deficiência e a gente está provando aqui que a gente pode se divertir, a gente pode sorrir, a gente pode viver, desde que a sociedade nos dê a oportunidade. Visibilidade, protagonismo e empoderamento das mulheres com deficiência, para que elas possam conhecer os seus direitos, para que elas possam saber que elas têm o poder de mudar a própria vida, inclusive dentro de sua própria casa, e que elas podem construir pela cidade, pelo estado e pelo país”.

Musa do bloco, Suzana Vieira Castro, acha importante representar, no Carnaval, as pessoas com deficiência: “É muito importante, principalmente pela deficiência, a gente está representando todo mundo de uma classe, a gente também faz parte disso. A gente sempre está buscando mais pela acessibilidade, pela inclusão, porque a questão das rampas, banheiros, é bem escasso para a gente e dificulta o acesso em muitos lugares”.

O Muso do bloco, Sulivan Miranda de Brito, afirmou que ser muso de um bloco de inclusão é mostrar para a sociedade sul-mato-grossense e campo-grandense que a pessoa com deficiência tem também esse momento recreativo, esse momento de estar junto. “Eu acho que a sociedade tem que enxergar que não é porque a gente tem uma limitação que a gente não tem condições. A gente tem habilidades a gente tem condições, a força que faz somos nós mesmos, a inclusão tem que nascer dentro da sociedade. Há 57 anos atrás, um certo médico disse para a minha mãe: ‘joga ele no meio da sociedade porque ele vai vencer na vida’. .E aqui estou hoje como muso do bloco ‘Nada sobre nós sem nós’, e este bloco jamais pode morrer”.

Felipe Sampaio, que fez a tradução em libras das músicas da banda, teve contato com uma pessoa surda desde o meu ensino fundamental e depois eu foi me especializando e se tornou tradutor de Libras. Para ele, a sensação no bloco é diferente, porque é um ato de pertencimento. “Aqui a gente está muito acolhido por essas pessoas com deficiência e aqui as pessoas estão sendo livres para ser quem elas são, livres de preconceitos, e aqui trabalhar com Libras é uma sensação que a gente pode também extravasar, tanto na área artística da Libras mas quanto eles percebem também isso com a gente e eles também se sentem mais pertencentes com relação a isso. Carnaval é uma festa cultural, e toda cultura merece ser usada, ser entendida por todas as pessoas”.

Texto: Karina Lima

Fotos: Lucas Castro

Fonte: www.fundacaodecultura.ms.gov.br

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