Quimbará toca os principais sucessos do Buena Vista Social Club

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Quimbará toca os principais sucessos do Buena Vista Social Club

O grupo cubano Buena Vista Social Club marcou uma época dentro da música latina. Quando surgiu, no final do século passado, pelas mãos de Juan de Marcos González, tinha como objetivo resgatar uma série de músicos de Cuba que estavam um tanto esquecidos naquele momento, entre eles Compay Segundo, Omara Portuondo, Ibrahim Ferrer e Rubén González.
A qualidade artística do grupo despertou o interesse de Ry Cooder para produzi-los. Cooder, que trabalhava com Win Wenders, mostrou o material para o cineasta alemão que resolveu fazer um documentário do Buena Vista Social Club. O sucesso do filme foi imenso, o que fez o grupo ganhar os palcos de todo o mundo.
Esse sucesso reverbera até os dias de hoje, tanto que o grupo brasileiro Quimbará dedica parte de seu repertório às músicas que foram imortalizadas pelo Buena Vista Social Club. No próximo dia 09 de maio, às 20 horas, o Blue Note, em São Paulo, apresentará o show Quimbará toca Buena Vista Social Club .
Conversamos com o cantor e percussionista Daniel Baraúna, do Quimbará, que conta por que resolveu tocar as músicas do grupo cubano.

Entrevista

Quando surgiu o interesse de vocês do Quimbará pelo Buena Vista Social Club?

O interesse pelo Buena Vista Social Club foi o principal motivo para montar nosso grupo em 2014 e 2015. O contato com o disco foi tão intenso, instigante, em alguma medida misterioso também, que nos levou a nos perguntar o porquê de sabermos tão pouco e nos sentirmos tão longe, no Brasil, de músicas feitas em outros países latino-americanos. A partir desse momento, começamos um processo de pesquisa de repertórios latino-americanos, de ritmos, da história de diferentes gêneros musicais e de técnica instrumental para tocar esses gêneros. A princípio, nosso objetivo era pesquisar músicas de qualquer lugar da América Latina, mas aos poucos fomos nos focando em música cubana, salsa, cumbia colombiana e, mais recentemente, estamos trabalhando na fusão entre o universo cubano e salsero com a música brasileira, em especial o samba.

Qual a importância da arte do Buena Vista Social Club para a formação musical do Quimbará?

Desde o início do grupo Quimbará, o Buena Vista é uma das nossas maiores referências em termos de repertório, estética e características sonoras. Dentre as primeiras músicas que nós ensaiamos e incluímos em nosso show, mais da metade delas eram do Buena Vista. Músicas que tocamos, inclusive, até hoje, com arranjos próprios feitos pelo pianista do grupo, Hanser Ferrer, cubano de Havana. Buena Vista Social Club foi um fenômeno na virada do século XX em termos de difusão mundial da música cubana dos anos 40 e 50, nele estão presentes diferentes gêneros musicais cubanos e diferentes intérpretes. Estão lá o son montuno, boleros, guajira, referências à velha Trova Cubana, que precede esses outros gêneros musicais. Essa diversidade enorme presente no Buena Vista nos fez querer explorar, conhecer e divulgar a música cubana com respeito à sua riqueza.

Os músicos atuais do  The Buena Vista Social Orchestra conhecem o trabalho desenvolvido por vocês?

Não sei se os músicos atuais do Buena Vista conhecem nosso trabalho, mas no passado entramos em contato com Barbarito Torres (alaudista) e Eliades Ochoa (cantor e instrumentista) para tentar trazê-los ao Brasil para tocarmos juntos.

Os shows

Como é a receptividade do público?

A receptividade do público ao nosso show tocando Buena Vista Social Club tem sido muito boa. Acredito que, em primeiro lugar, pelo mérito do repertório e da música cubana, que é muito envolvente. Mas, sem dúvida, o alcance que o Buena Vista teve e tem até hoje faz quebrar bolhas e chegar a um número muito grande de pessoas, sem que tenham necessariamente uma relação prévia com a música cubana ou o idioma espanhol. Nossos arranjos próprios para o repertório do Buena Vista também são um ponto interessante, pois mesclam o respeito à tradição com criatividade, resultando num show do Buena Vista feito com muito cuidado e carinho, com a cara do grupo Quimbará. Outro fator é a formação de oito músicos do Quimbará, que gera um corpo imponente, com volume e intensidade quando necessário, mas também delicadeza em outros momentos.

Essa será uma apresentação única ou é um show previsto para acontecer periodicamente?

Nosso espetáculo em homenagem ao Buena Vista Social Club acontece periodicamente há cerca de dois anos. É um show especial, temático, que já apresentamos cerca de dez vezes somente no Blue Note SP, outras em unidades do Sesc e na casa de show Bona. Nós temos diferentes shows que apresentamos de acordo com o espaço e a ocasião: alguns mais focados em salsa, outros na mistura da música cubana tradicional e o universo salsero, outros com elementos de música pop latina que ocorrem todas as quartas-feiras na Funilaria Bixiga. Dentre os shows que oferecemos, este em homenagem ao Buena Vista Social Club é, sem dúvida, dos mais elegantes e complexos. Pela boa procura do público, temos a perspectiva de executar esse show com alguma frequência em São Paulo e fora também, dia 11 de maio, por exemplo, estaremos no Blue Note do Rio de Janeiro fazendo este show pela segunda vez.

Formação

O Quimbará é formado pelos músicos brasileiros Daniel Baraúna (voz e maracas), Thales Othon (congas), Kiko Woiski (baixo), Ed Woiski (tres cubano), Thomaz Souza (saxofone tenor) e Reynaldo Izzepi (trompete), além dos cubanos Eduardo Espasande (timbales) e Hanser Ferrer (piano).

Esta coluna é um espaço destinado à cultura e músicas latinas. Mais informações sobre esses temas você encontra em www.ondalatina.com.br   e o Canal Onda Latina: https://www.youtube.com/@canalondalatina

Assista o vídeo do Quimbará interpretando o Buena Vista Social Club:

Fonte: gente.ig.com.br

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