MIS recebe exposição em comemoração aos 125 anos de nascimento de Lidia Baís

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MIS recebe exposição em comemoração aos 125 anos de nascimento de Lidia Baís

Vai ser aberta no dia 12 de maio, às 19 horas, no Museu da Imagem e do Som, a exposição “As várias faces de Lidia Baís”, em comemoração aos 125 anos de nascimento da artista. A exposição faz parte da programação da Semana de Museus.

A Semana Nacional de Museus de 2025, organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), será realizada de 12 a 18 de maio, com o tema “O futuro dos museus em comunidades em rápida transformação”. O evento visa comemorar o Dia Internacional dos Museus, que é celebrado em 18 de maio.

A exposição vai trazer as principais obras de Lidia Baís que estão sob responsabilidade do MARCO – Museu de Arte Contemporânea.

Lídia Baís é uma das mais importantes figuras femininas das artes plásticas de Mato Grosso do Sul. Entre seus inúmeros méritos estÁ sua luta em se fazer arte apesar das limitações que sua terra natal a impusera. De família italiana, nasceu em 1900 em Campo Grande quando esta era apenas um vilarejo.

Desejosa de livrar-se de seu isolamento cultural e com o apoio inicial de sua família, Lídia Baís começou no Rio de Janeiro seus estudos em pintura com o célebre Henrique Bernardelli e são desta fase suas obras mais acadêmicas, embora flertasse com as novidades trazidas pela Semana de Arte Moderna em São Paulo, o que é evidenciado no conjunto de sua obra.

Com a sua viagem à Europa em 1927, Lídia entrou em contato com grandes pintores e conheceu Ismael Nery, considerado o primeiro artista surrealista do Brasil, cuja obra e amizade a influenciariam para sempre. De volta ao Rio de Janeiro, retoma seus estudos com os irmãos Bernardelli e Osvaldo Teixeira e realiza exposição individual na Policlínica do Rio em 1929.

Incompreendida e sob pressão da família retorna a Campo Grande, onde restavam às moças os afazeres domésticos e o casamento. Suas ideias e seus trabalhos iam além da compreensão e da sensibilidade do povoado. Sentindo-se enclausurada deu início a pintura de alegorias no sobrado de sua família. Com a morte trágica do pai e um ambiente cultural hostil, Lídia se enfraquecia dia após dia. Buscava em Deus, no mistério dos astros e em questões existenciais o impulso para suas telas. Seu mundo abstrato e o universo de suas emoções, expostos no conjunto de escritos, diários, desenhos e pinturas, são documentos reveladores de muitas Lídias. A sua busca incessante por uma estética própria e pelo sentido do mundo faz de Lídia uma artista insaciável.

Nas religiões buscou também o conforto, e da arte, que entendia como essencial e sagrada, desejava a liberdade. Determinada e guerreira buscou apoio para implantar um museu de arte em uma Campo Grande sem luz elétrica. A dimensão política e a ousadia deste ato de Lídia em plena década de 1950 não podem ser ignoradas. Não chegou a concretizar o sonho do Museu Baís, mas nunca deixou de acreditar na importância e na força da arte. Hoje, sua profecia está sendo cumprida a passos lentos graças aos esforços de pessoas, que como Lídia no passado, lutam para que a arte e a cultura sejam consideradas fundamentais na construção de uma sociedade.

Resignou-se a sua terra natal cerrada em si mesma, porém tinha esperança na compreensão futura de sua obra. Morreu no dia 19 de outubro de 1985, com esclerose e sozinha em uma casa repleta de animais e obras de arte encaixotadas, com poucas companhias fiéis, entre elas a de sua sobrinha Nelly Martins, que antecipando o futuro, promoveu exposições quando a artista ainda estava viva e, com a ajuda de familiares, organizou e doou todo seu acervo à Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. O Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul sente-se honrado com a salvaguarda, desde 1991, do precioso acervo de Lídia Baís.

Para o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Eduardo Mendes, “essa mostra oferece ao público a oportunidade de se aproximar da produção de Lidia Baís de maneira sensível e educativa, promovendo experiências que estimulam o olhar crítico, a reflexão sobre pertencimento e o reconhecimento de narrativas que muitas vezes foram invisibilizadas na história da arte brasileira”.

A coordenadora do Museu de Arte Contemporânea (MARCO), Vera Bento, disse que esta ação conjunta entre o MIS e o MARCO reafirma o papel dos museus como espaços vivos de memória, criação e formação crítica. “Lídia Baís é figura central na história da arte sul-mato-grossense. Com uma trajetória marcada por ousadia estética, inquietação espiritual e profunda consciência de seu tempo, a artista construiu uma obra singular que articula elementos do sagrado, do feminino e da ancestralidade em composições densas e simbólicas. Ao valorizar suas raízes familiares e questionar padrões sociais, Lídia rompeu silêncios impostos às mulheres e consolidou uma linguagem própria, de forte valor identitário”.

A exposição vai até o dia 30 de junho e vai ficar aberta à visitação de segunda a sexta, das 7h30 às 17h30, no Museu da Imagem e do Som, que fica no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, Centro.

Texto: Karina Lima

Foto: acervo MARCO

Fonte: www.fundacaodecultura.ms.gov.br

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