O descarte irregular de lixo em Campo Grande foi tema de Audiência Pública, na manhã desta segunda-feira, dia 3, na Câmara Municipal. A necessidade de ampliar os ecopontos, além da quantidade de resíduos a serem descartados nestes espaços, foi uma das proposições sugeridas. Melhorar a fiscalização, mais ações de educação ambiental e aumentar a coleta seletiva foram sugestões apresentadas no debate, proposto pelo vereador Veterinário Francisco, vice-presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente da Casa de Leis.
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A Audiência trouxe exemplos positivos de aproveitamento de materiais recicláveis e coleta seletiva, além de apontar os pontos críticos sobre o descarte irregular de lixo, seus efeitos no meio ambiente e na qualidade de vida dos moradores.
O vereador Veterinário Francisco citou locais onde o problema do descarte indevido de lixo está sendo considerado crítico na cidade. Ele falou das margens do Rio Anhanduí, na Avenida Ernesto Geisel, da Rua Lindoia, região da Vila Marli, corredor do Nova Lima e anel rodoviário, no trecho entre a saída de Rochedo e Jaraguari. “Temos que tomar providências. Os moradores estão cansados de viver no meio de entulho, resto de obra e pouca gente fiscalizando. Isso desvaloriza o bairro, coloca a saúde das famílias em risco e estamos perdendo qualidade de vida em nossa cidade”, disse.
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“Aqui foram discutidas ideias. Temos o compromisso de levá-las à frente”, disse o vereador Veterinário Francisco. Ele cobrou a prefeitura em fazer seu trabalho de fiscalização e políticas sociais, criticando ainda a ausência de secretários municipais no debate sobre o tema. Além da questão do lixo, a preocupação com o lençol freático também foi pontuada pelo vereador.
O vereador Ronilço Guerreiro, que secretariou a Audiência, defende que Campo Grande precisa de uma política em relação ao lixo. “Precisamos provocar nas pessoas o respeito”, disse. Ele citou o caso de um terreno na Vila Marli, onde uma pessoa jogou sofá, geladeira, cama e outros itens. O vereador avalia a necessidade de ampliar o número de ecopontos e quantidade de entulho a ser descartado. Hoje a cidade conta com 5 unidades. “Apresentei projeto para aumentar para 3 metros cúbicos. A prefeita vetou, apresentei novamente o projeto nessa Legislatura ”, disse. Outra proposta é criar os chamados “ecopontões”, para descarte de itens maiores, nas sete regiões da cidade. “Precisamos de políticas que efetivamente cheguem na população”.
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Sugestões – Bruno Maddalena, gestor de Política Ambiental do Hospital São Julião, trouxe o exemplo do trabalho realizado para coleta seletiva de resíduos, iniciado há quase 11 anos, e que já foi premiado pelo Instituto Lixo Zero. O trabalho envolve o hospital e também a Escola Padre Franco Delpiano. “Esse caminho é possível”, sinalizou sobre a ação realizada, que pode ser estendida a outros hospitais, escolas e instituições públicas. Ele sugeriu ainda a criação de um Comitê Técnico, para mobilizar todos os envolvidos na gestão de resíduos.
A problemática do descarte clandestino de resíduos foi um dos pontos enfatizados pelo promotor de Justiça Luiz Antônio Freitas de Almeida. Ele citou a necessidade de repressão e também o problema dos “vazios urbanos”, principalmente dos terrenos que não recebem manutenção e acabam sendo uma “oportunidade” para o descarte indevido. “O MPE tem uma ação contra o Município cobrando manutenção das áreas públicas e também que faça limpeza das áreas particulares, quando a notificação não é cumprida, repassando esse custo ao proprietário”, disse.
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Neste ano, a Patrulha Ambiental da Guarda Civil Metropolitana fez 68 flagrantes de descarte irregular de entulho e aplicou R$ 225 mil em multas. Os números foram repassados pelo comandante Giulliano Albuquerque Lopes. Hoje, são 27 profissionais atuando nessa área e também na fiscalização de ferros-velhos, para combate ao furto de fios, além das ações de educação ambiental. A meta é ampliar os projetos nas escolas, as orientações, mas não há efetivo ou estrutura adequados. “Há casos em que o morador da frente está descartando entulho em terreno, seja resto de poda ou de construção, e ali vai virar lixão irregular”, relatou, sobre algumas ações flagradas.
O descarte irregular reflete diretamente nos mananciais e nos casos de alagamento registrados na cidade. Daniel dos Santos, da Águas Guariroba, alertou que o “lixo mal condicionado não desaparece, em sua maioria entope as galerias e acaba nos mananciais”. Ele citou que esse descarte incorreto onera tempo e insumos para fazer tratamento da água. “Quanto ao esgoto, temos casos como ontem, com chuva forte, que provoca deslocamento dessa sujeira e entupimentos”, disse. Por mês, a concessionária precisa realizar mais de 700 desobstruições , a maioria lixo na rede de esgoto.
Hoje, Campo Grande conta com 100% da área urbana com coleta domiciliar de lixo e 77% de coleta seletiva de porta em porta, conforme dados repassados por Elcio Terra, superintendente da Solurb, empresa responsável pelo serviço na cidade. “Asseguramos que a população receba coleta regular de, no mínimo, três vezes por semana”, disse, destacando o trabalho de mais de mil colaboradores. “Eles são a base que sustenta esse trabalho”.
Fotos: Izaias Medeiros
Milena Crestani
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal







