A deputada federal Camila Jara (PT-MS) resolveu relatar, nesta segunda-feira (23), sobre o episódio envolvendo ações da Polícia Militar na Rua 14 de Julho, no centro de Campo Grande, local que tem se destacado como ponto de revitalização cultural e econômica da capital sul-mato-grossense.
Segundo a parlamentar, o incidente ocorreu na noite do último sábado (21), quando ela, após uma semana intensa no Congresso Nacional, decidiu visitar os bares da região para demonstrar apoio aos comerciantes e frequentadores que impulsionam a economia local.
Camila afirmou que presenciou uma operação policial considerada excessiva, incluindo a abordagem de um policial armado em direção aos clientes do bar onde estava. Ao questionar a ação e se identificar como deputada federal, a situação escalou. “O oficial responsável ameaçou me prender se eu continuasse questionando a operação”, disse.
A parlamentar destacou que episódios semelhantes têm sido recorrentes no local, dando a entender uma espécie de “toque de recolher extraoficial” que não se observa em bares de regiões mais elitizadas da cidade.
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Camila defendeu a importância dos eventos realizados na Rua 14, que, segundo ela, geram emprego, renda e lazer para os moradores da cidade. “São dezenas de eventos sem sequer uma briga, são centenas de pessoas que agora têm opção de lazer, são milhares de reais gerando emprego e renda para a cidade”, afirmou.
Em resposta às tensões entre comerciantes, moradores e a força policial, a deputada revelou que seu gabinete, em conjunto com o vereador Jean Ferreira, promoveu reuniões com representantes do setor, o presidente da Câmara Municipal, o comandante da PM e o governador do estado. O objetivo é buscar soluções que equilibrem a liberdade cultural e econômica com o sossego dos moradores da região.
Camila enfatizou que a regulamentação por parte da prefeitura é essencial para garantir um apoio efetivo à economia criativa da capital. “Essa cidade precisa ser para todos — ou vai acabar sendo para ninguém”, concluiu.
Leia a nota da deputada federal na íntegra:
Pensei muito antes de vir contar o que aconteceu no sábado. Entre outros motivos, porque nunca foi meu objetivo tornar isso tudo pessoal, nem contra a PMMS.
Mas muita gente se preocupou. Então, vamos aos fatos.
A última semana foi intensa no Congresso. Precisávamos terminar todas as votações antes do final do ano ou quem sofreria seria quem mais precisa.
Na sexta meu voo de volta foi cancelado, cheguei em Campo Grande no sábado. Exausta, porém com o sentimento de dever cumprido. Pronta pra passar o Natal em família.
À noite, como tem sido frequente, fui à 14 demonstrar apoio aos bares que resistem e revivem o centro da nossa Capital.
O que aconteceu depois foi um exemplo do que muitas pessoas tem presenciado há semanas: ações que parecem ser direcionadas, uma espécie de “toque de recolher extraoficial” aos comerciantes e frequentadores do local.
Tais ações não são vistas com a mesma força e frequência em outros bares de ruas “elitizadas”.
Dessa vez foi ainda pior.
Na segunda operação, um policial desceu da viatura com a arma em punho e ia em direção aos civis que estavam no bar. Ele deu de cara comigo na porta da viatura. De ímpeto, questionei o motivo da operação e da arma. Quando me identifiquei como deputada federal, ele a abaixou.
O oficial responsável chegou, retirou o soldado e ameaçou me prender se eu não saísse da frente e parasse de atrapalhar a operação.
Eu, com meu 1,60m, fiquei entre o batalhão e as pessoas porque acredito no poder da economia criativa para reviver a cidade. São dezenas de eventos sem sequer uma briga, são centenas de pessoas que agora têm opção de lazer, são milhares de reais gerando emprego e renda para a cidade.
Na segunda passada, nosso gabinete, junto ao vereador Jean Ferreira, conduzimos reuniões entre os bares da 14 e o presidente da Câmara dos Vereadores, o comandante da PM e o governador para tentar encontrar uma solução equilibrada que garanta a liberdade cultural e econômica, mas também, o sossego dos moradores.
Agora falta a regulamentação da prefeitura para a economia da Capital ter real apoio. Essa cidade precisa ser para todos — ou vai acabar sendo para ninguém.