Neste sábado (17) e domingo (18), às 16h, o premiado espetáculo Huma/ chega inédito a Campo Grande, ocupando a Estação Cultural Teatro do Mundo, que fica na Rua Barão de Melgaço, 177, centro da cidade. A entrada é gratuita.
A montagem é o terceiro espetáculo do projeto “Escambo: Rede Parente”, idealizado pela Cia Cisco (SP), com curadoria dos atores Edgar Castro e Donizeti Mazonas, que propõem um intercâmbio artístico entre as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, com dramaturgias autorais e vozes descoloniais.

Com 50 minutos de duração, “Huma/” é interpretado pela atriz Ly Skant e dirigido por Francisco Rider, que também assina a dramaturgia, com preparação de elenco de Koia Refkalefsky. O espetáculo foi um dos grandes destaques do XVIII Festival de Teatro da Amazônia (2024), recebendo os prêmios de Melhor Direção, além de indicações a Melhor Atriz, Melhor Dramaturgia e Melhor Cenário (Ly Skant, Koia Refkalefsky e Rider).
“A personagem se chama Huma, mas há um jogo com a ideia de humanidade: o que é ser humana num mundo em colapso? A barra [símbolo] representa os desafios dessa mulher que vive numa pandemia da intolerância, da desumanização, da política da morte. O título problematiza o humano num planeta marcado por guerras, fome e perseguições. É sobre o peso de ser — e resistir — como corpo dissidente”, afirma o diretor Francisco Rider.
Cena – No palco e fora dele, “Huma/” provoca uma experiência de confronto sensível. Uma mulher enclausurada em meio a um “mundo-peste” — não apenas biológico, mas um cenário dominado por violências concretas e simbólicas — decide romper com o isolamento. Vai às ruas. Exposta aos vírus visíveis e invisíveis da contemporaneidade, essa mulher que cresceu sob a sombra da ditadura militar se manifesta. Denuncia. Encara. Existe.

Em Manaus e Belém, a peça foi apresentada sob uma ponte centenária e um casarão histórico, “Huma/” traz também um elemento surpresa a cada cidade e, em Campo Grande, não será diferente. O espaço cênico se molda à cidade, propondo novas percepções ao público.
“Fazer teatro em locais não convencionais gera um estranhamento que desperta. Tira o espectador da zona de conforto. Em Manaus, foi sob uma ponte inglesa do século XX. Em Belém, em um casarão antigo. Cada cidade reinventa a relação entre público, espaço e personagem”, destaca Rider.
Inédito no Centro-Oeste, os artistas do grupo de teatro celebram a passagem do projeto por pela capital sul-mato-grossense. “É a primeira vez que nos apresentamos em Campo Grande. Vir do Norte até o Centro-Oeste já é, por si, um gesto contra hegemônico. O projeto Escambo propõe uma quebra de paradigmas — mostrar que o teatro potente, político, profissional não está restrito ao eixo Rio-São Paulo”, argumenta o diretor do espetáculo.

A atriz Ly Skant, em cena, assume a personagem que dá título à obra. Sua entrega física e performativa foi moldada com sensibilidade e precisão pela preparadora de elenco Koia Refkalefsky. “A Ly é uma atriz pronta. Meu trabalho foi observar, perceber fragilidades e fazer pequenos ajustes. O processo foi tranquilo e muito satisfatório. Ela entende o corpo em cena com profundidade.”
Circuito Nacional – “Huma/” faz parte da programação do “Escambo: Rede Parente”, projeto contemplado pela Bolsa de Teatro Myriam Muniz, financiado pela Funarte, ligada ao Ministério da Cultura, Governo Federal. Em Campo Grande, conta com o apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Setesc – Governo do Estado, e da Estação Cultural Teatro do Mundo.

Serviço
Ponto de encontro: Estação Cultural Teatro do Mundo – Rua Barão de Melgaço, 177 – Centro
17 e 18/05 (sábado e domingo, às 16h)
Mesa Pública: Corpocidade / Dinâmicas em Via Dupla (após a apresentação)
Estação Cultural Teatro do Mundo
17/05 (sábado às 17h)
Oficina: Corpo Cidade Performance: Como a Pessoa-Cidadã se Relaciona com sua Cidade?
Espaço Fulano Di Tal – Rua Rui Barbosa, 3099 – Centro
18/05 (domingo, 9h às 12h)
Reportagem: Aline Lira e Lucas Arruda
Fotos: Robert Coelho