Dez anos de cassação: Alcides Bernal abre o coração sobre o maior escândalo político da Capital

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Nesta quarta-feira (13), completou uma década desde o momento em que o ex-prefeito Alcides Bernal foi cassado, em meio ao maior escândalo político da história de Campo Grande-MS. Em uma entrevista ao Manchete Popular, Bernal relembra os eventos que levaram à sua cassação e reflete sobre os últimos dez anos.

“Hoje completa 10 anos do maior e mais escandaloso crime praticado por já denunciada organização composta por políticos e empresários para depor o prefeito eleito pelo povo”, Bernal inicia sua declaração, destacando a complexidade e a magnitude do evento que mudou drasticamente o curso de sua carreira política.

As investigações da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) revelaram uma teia de corrupção envolvendo políticos, empresários e membros do legislativo municipal. “Houve corrupção ativa e passiva para o vice (Gilmar Olarte) e 23 vereadores assumirem a prefeitura e os empresários manterem seus contratos bilionários”, Bernal enfatiza, apontando para os interesses escusos por trás de sua cassação.

“Esses políticos do ‘cafézinho’ e da ‘lama’ não apenas cassaram meu mandato, mas também tentaram me retirar da vida pública, suspendendo meus direitos políticos, bloqueando meus bens e manchando minha reputação”, lamenta Bernal. Ele acrescenta: “na eleição de 2018 fui eleito federal, mas não pude assumir por conta da mudança de opinião do desembargador Sérgio Martins que ‘reformou’ a sentença que anulou a cassação (mudou o voto para, exclusivamente, evitar a diplomação de deputado federal)”.

“Os processos judiciais se arrastam há dez anos na justiça”, lamenta Bernal, destacando a sensação de impunidade que permeia a situação.

Ao longo de sua gestão como prefeito, Bernal afirma ter priorizado a transparência, o saneamento das finanças municipais e a melhoria dos serviços públicos, incluindo saúde e educação. Ele destaca conquistas como a ampliação do atendimento na rede de saúde, a recuperação de créditos e o início de programas de recuperação asfáltica.

Ao ser questionado sobre arrependimentos, Bernal admite que faria escolhas diferentes, especialmente na seleção de seus colaboradores políticos. “Não confiaria nessa casta velhaca da política”, declara. Ele reitera seu compromisso com a gestão transparente e o desenvolvimento da capital, destacando a prioridade para questões de trânsito, incluindo a implantação da tarifa zero no transporte coletivo.

“Se a população disser que devo, vou corresponder ao chamado”, afirma Bernal, deixando em aberto a possibilidade de retornar à vida política.

Ao encerrar suas declarações, Bernal aponta André Puccinelli e João Amorim como os chefes da organização por trás do golpe político, mas mantém a esperança de uma renovação na política representativa. “Tenho conversado com as pessoas e ouvido que é preciso dar força e qualidade na política representativa e evitar que essa casta de maus políticos se perpetuem no poder”, disse o ex-prefeito.

Alcides Bernal concluiu: “Ainda acredito na justiça e que ela será feita pelo judiciário. Afinal, vivemos em um estado democrático de direito, não é? A influência de alguns ‘poderosos’ não terá força para usar o Ministério Público e o judiciário para atender seus interesses nada republicanos.”