Dona de creche onde crianças eram dopadas, diz que tinha autorização para ministrar medicamentos

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Dona de creche onde crianças eram dopadas, diz que tinha autorização para ministrar medicamentos

Durante depoimento na Polícia Civil, a mulher de 30 anos, proprietária da creche que foi presa em flagrante, acusada de torturar e dopar crianças, em Naviraí, disse que recebeu autorização dos pais para ministrar medicamentos aos filhos.

Segundo a delegada Sayara Baetz, a dona da instituição disse que o medicamento apreendido na creche era para uso pessoal e que ela não havia permitido que o mesmo fosse ministrado para as crianças.

“Ela disse que os pais permitiram dar medicamentos para eles, inclusive ela apresentou ficha cadastral onde havia a autorização”.

Mas segundo a delegada, alguns pais autorizavam dar medicamentos e outros não, porém, a autorização era específica para algum tipo de medicamento e que nenhuma dessas autorizações era com a finalidade de dar remédio para a criança dormir.

Sayara conta que em um dos casos, a outra cuidadora, de 26, que também foi presa, chegou a aplicar 20 gotas do medicamento apreendido para uma criança de 11 meses. 

“Agora vamos apurar qual é o efeito no organismo dessa criança, que se quer poderia estar tomando esse medicamento”, disse a delegada.

O caso

A denúncia de que crianças eram torturadas e até dopadas em uma creche de Naviraí, a 352 quilômetros de Campo Grande, foi confirmada após uma apuração minuciosa da Polícia Civil, que instalou câmeras para captar o som ambiente e flagrar as ações em tempo real e conseguir prender a proprietária, de 30 anos, e cuidadora, de 26 anos, em flagrante.

O principal momento que levou a prisão das duas integrantes foi na manhã de segunda-feira, quando a proprietária, que também atuava como cuidadora, agrediu uma bebê, de 11 meses. A criança havia saído do travesseiro em que estava e a suspeita, pegou a vítima e a jogou de forma bruta no local onde ela estava.

Em seguida a bebê voltou a chorar, possivelmente por estar incomodada por fome, necessidade de trocar ou por estar cansada de ficar no mesmo lugar por muito tempo, momento em que a investigada novamente a pegou e jogou no colchão e também desferiu alguns tapas no corpo da bebê, nitidamente como castigo em virtude do choro.

Conforme divulgado pela polícia, as câmeras captavam os áudios e foi possível observar que a mulher chamava a criança de sem vergonha e dizia que quando as crianças começassem a andar, estavam lascadas. Cabe ressaltar que para instalar os objetos na creche, a Polícia Civil representou pela medida de interceptação e captação ambiental no referido estabelecimento, tendo o pedido aceito.

A equipe de investigadores estranhou o fato da bebê não se levantar do colchão e permanecer no local por horas, sem se arrastar, engatinhar ou andar, aparentando estar sob efeito de algum medicamento, pois seria normal que um bebê com 11 meses fosse agitado.

No local a equipe constatou que havia mais crianças, algumas estavam com fome e foram alimentados pela equipe policial. A perícia criminal foi acionada, apreendeu-se o medicamento ministrado pela cuidadora, o qual é utilizado para tratamento de sintomas de enjoo, tontura e vômitos, podendo causar sonolência, havendo a descrição de proibição na embalagem e na bula quanto ao uso por crianças menores de 02 anos.

A bebê, de 11 meses, passou por exame de corpo de delito, onde confirmou um edema em região malar esquerda e lesão bolhosa em face medial do terço médio do pé esquerdo. Pôde-se perceber ainda, sofrimento mental, esse ainda pior, pois não deixou marcas visíveis, haja vista que a criança era xingada e menosprezada pela cuidadora, que após torturá-la a deixava chorando sozinha. 

A proprietária foi presa em flagrante pelos crimes de tortura qualificada e exposição da saúde de outrem a perigo, enquanto a cuidadora foi presa em flagrante pelo crime de exposição da saúde de outrem a perigo.



Fonte: Top Mídia News