O economista Ricardo Amorim afirmou, na noite desta terça-feira (29), que o Mato Grosso do Sul tem todas as condições para se tornar protagonista da nova economia global, ao unir sua força no agronegócio com investimento em industrialização e inovação. A declaração foi feita durante o lançamento do Vetter, evento realizado em Campo Grande, que reuniu empresários, empreendedores e autoridades.
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Ao responder uma pergunta do empreendedor Djian de Barros, Amorim ressaltou que o Estado precisa adotar estratégias de valorização das suas riquezas naturais e produção primária, seguindo exemplos de sucesso internacional. “O que a gente precisa fazer é o que o Chile fez”, afirmou.
Do campo para a indústria
Segundo o economista, o Chile, há poucas décadas, exportava uvas in natura. Depois, passou a vender vinhos baratos. Atualmente, é referência mundial em vinhos de qualidade e alto valor agregado. “É o mesmo produto de origem, só que agora vendido por um preço muito maior. O Brasil precisa fazer a mesma coisa, e o Mato Grosso do Sul também”, disse.
Amorim citou ainda um estudo da FIES, de 2015, que mostra como o Brasil, apesar de ser o maior exportador mundial de café, ainda importa cápsulas de café expresso, pagando até 37 vezes mais pelo mesmo peso do grão. “Por que não industrializar aqui?”, questionou. Para ele, a carga tributária é um dos principais entraves, mas a reforma em andamento pode mudar esse cenário ao longo da próxima década.
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Energia limpa e tecnologia
Outro ponto destacado por Ricardo Amorim foi o potencial da matriz energética brasileira, especialmente no que se refere à geração de energia limpa. O país, segundo ele, já tem uma das matrizes mais sustentáveis entre as grandes economias mundiais, com forte presença de hidrelétricas, etanol, energia solar e eólica.
No caso específico da energia solar, Amorim afirmou que o Centro-Oeste, incluindo o Mato Grosso do Sul, é favorecido pela grande incidência solar. Já a energia eólica se destaca no Nordeste, onde os ventos são mais constantes. “Isso nos dá uma vantagem competitiva gigantesca, principalmente num mundo que exige cada vez mais sustentabilidade”, destacou.
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Esse diferencial energético, segundo Amorim, deve ser aproveitado para atrair investimentos em data centers, que são estruturas fundamentais para o processamento de dados e para o avanço da inteligência artificial. “O maior custo dos data centers é energia. Se temos energia limpa e barata, podemos ser um polo da economia digital”, afirmou.
O valor do humano em tempos de IA
Apesar de destacar a importância da tecnologia, Amorim lembrou que a inteligência artificial tende a desvalorizar o que pode ser feito por máquinas, mas, por outro lado, valoriza o que depende da presença humana. “Implantação, arte, esportes, expressão corporal e experiências presenciais — tudo isso ganha valor relativo”, explicou.
O economista concluiu sua fala reforçando o otimismo em relação ao futuro da economia sul-mato-grossense. “O Mato Grosso do Sul já está bem posicionado na economia do presente, mas tem todas as condições de estar ainda melhor na economia do futuro.”
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Lançamento do Vetter em Campo Grande
A presença da Vetter em Campo Grande simboliza uma movimentação estratégica que vai além do seu mercado tradicional: reforça a ambição da empresa de atrair investidores do Centro‑Oeste — especialmente empreendedores e produtores rurais, já familiarizados com o mercado catarinense. Essa regionalização de atuação amplia as oportunidades de captação e parceria.
Assim, o lançamento na capital sul-mato-grossense representa não apenas a chegada de uma plataforma — ou construtora —, mas o estreitamento de ligações entre duas regiões com vocações complementares: o agronegócio forte de Mato Grosso do Sul e o mercado imobiliário de alto padrão da costa catarinense. A estratégia sinaliza que o potencial econômico e empreendedor do Centro-Oeste brasileiro está no radar da Vetter como área de expansão relevante.