Fortalecer o protagonismo e empoderamento feminino na ciência sul-mato-grossense por meio de ações efetivas e afirmativas é o compromisso contínuo da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul), órgão do Governo do Estado, responsável por coordenar os investimentos em pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação em Mato Grosso do Sul.
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, data que relembra e reconhece a luta feminina ao longo da história por direitos e condições mais igualitárias entre homens e mulheres, a Fundect apresenta resultados promissores na busca em alcançar maior paridade entre os gêneros no campo da Ciência, Tecnologia e Inovação, uma necessidade apontada dentro dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Conforme dados públicos disponibilizados pela Fundect, elas são maioria nas bolsas ofertadas pela Fundação desde 2015, principalmente nas de mestrado, doutorado e pós-doutorado. Entre 2022 e 2023 houve um crescimento significativo no número de bolsistas mulheres, de 367 para 1.013 (um aumento de 176%), enquanto que de bolsistas homens o crescimento foi de 276 para 621 (um aumento de 125%).
Considerando o mesmo período, a presença delas também aumentou em áreas de pesquisa majoritariamente masculinas, como nas Ciências Agrárias (388%), Ciências Exatas e da Terra (141%) e Ciências Biológicas (77%).
Segundo Ana Cristina Araújo Ajalla, conselheira da Fundect e Gerente de Pesquisa da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul), o avanço da atuação feminina na CT&I merece ainda mais atenção:
“A gente sabe que há muito a ser feito e melhorado na nossa inserção na sociedade. Por isso a necessidade de políticas públicas que visem a nossa presença no mercado de trabalho e a sua valorização. A Fundect exerce um papel muito importante nisso ao oferecer a chance de desenvolvimento acadêmico e científico às mulheres. Quando penso na minha carreira profissional, enquanto pesquisadora, valorizo as oportunidades que me foram oferecidas. Há alguns anos, talvez, não fosse possível exercer o cargo que ocupo hoje”.
“Menos de 35% dos pesquisadores no mundo são mulheres, isto demonstra a discrepância na representatividade feminina na ciência. Chamadas como Mulheres na Ciência Sul-mato-grossense, lançada pela Fundect em 2022, tem o objetivo de reduzir essas diferenças também na coordenação de projetos científicos, conforme constatado na base grupos de pesquisa do CNPq, onde apenas 30% são liderados por pesquisadoras. Na Fundect, em 2017, não era diferente. No máximo 1/3 dos projetos eram coordenados por mulheres. Felizmente hoje essa relação já é equitativa, 50% dos projetos têm a liderança de pesquisadoras. Há ainda diversos desafios na busca de igualdade de gênero (Objetivo nº 5 dos ODS da agenda 2030 da ONU), assim a Fundect trabalha sempre na perspectiva de melhores condições de fomento aos projetos das pesquisadoras e empreendedoras de Mato Grosso do Sul”, explica o diretor-presidente da Fundect, Márcio de Araújo Pereira.
Para a Gerente de Bolsas da Fundect, Adriana Oliveira Araújo, “promover uma maior representatividade feminina é uma prioridade que destaca a visão progressista da Fundação. A Fundect está comprometida em criar um ambiente inclusivo, onde as mulheres sintam-se capacitadas a seguir carreiras científicas, desde a pesquisa básica até a liderança em projetos inovadores, reconhecendo que o futuro da ciência está intrinsecamente ligado ao talento e à dedicação das mulheres”.
É necessário enfatizar que, tão importante quanto o número de mulheres cientistas atendidas pela Fundect, está o fomento em proporcionar oportunidades para que elas assumam a liderança de projetos científicos no âmbito estadual. Um exemplo disso é o investimento adicional de R$5 milhões no Edital Mulheres na Ciência Sul-Mato-Grossense em 2023. A quantidade de projetos apoiados na chamada foi ampliada em 134%, quando a contratação das pesquisas passou de 26 para 61.
A doutora Nathalia Monseff Junqueira, pesquisadora contemplada pela Chamada com o projeto “A contribuição da História Antiga para o estudo do tempo presente em sala de aula: a construção dos papéis femininos nos relatos etnográficos”, salienta que a iniciativa auxilia no combate aos preconceitos direcionados às mulheres quando os assuntos são Ciência e Educação Superior.
“A produção científica brasileira é predominantemente desenvolvida nas universidades públicas. Os editais de fomento a pesquisas, como os lançados pela Fundect, proporcionam aos pesquisadores uma ampla gama de estudos com o objetivo de promover melhorias em diversas esferas da sociedade, como a cultura, a educação, a saúde e tantas outras. Além do mais, o Edital Mulheres na Ciência tem como objetivo aprimorar a inserção das mulheres como produtoras de ciência, uma vez que ainda somos uma minoria nesse campo. Minha pesquisa, que já venho desenvolvendo desde o curso de doutorado, revela como a construção da imagem de mulheres como sendo frágeis, ingênuas e voltadas para o cuidado da casa e dos filhos desde os tempos antigos, contribui para um imaginário que se tornou um grande obstáculo para as aspirantes a cientistas no nosso país. Somente a Ciência e a Educação poderão modificar essa realidade”.
Larissa Adami, Comunicação Fundect
Fotos: Leandro Benites/Acervo pesquisadora