Jornalista Vanessa Ricarte relatou medo e falta de apoio em áudio antes de ser assassinada pelo ex-noivo

Após atendimento na Casa da Mulher Brasileira, jornalista retorna para casa e é morta pelo ex-noivo

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A jornalista e criadora de conteúdo Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi brutalmente assassinada com três facadas no peito pelo ex-noivo, Caio Nascimento, na quarta-feira (12), em Campo Grande. Horas antes do crime, Vanessa havia procurado a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) na Casa da Mulher Brasileira, buscando proteção contra Caio.

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Em áudio enviado a um amigo após o atendimento na Deam, Vanessa expressou insatisfação com o tratamento recebido. Ela relatou que a delegada a tratou de forma fria e seca, cortando suas explicações e afirmando que não poderia fornecer o histórico de agressões de Caio, mesmo Vanessa já tendo conhecimento de algumas delas. Vanessa mencionou sentir que tudo parecia proteger o agressor e que foi orientada a retornar para casa, onde Caio estava. Ela destacou que precisava voltar para casa para tomar banho e trocar de roupa, após dois dias fora, e que a delegada sugeriu que ela informasse a Caio para deixar a residência. Vanessa expressou preocupação com a falta de compreensão sobre a gravidade da situação, especialmente considerando que Caio já havia afirmado que só sairia de casa com a presença da polícia. Ela também demonstrou preocupação com a reação de seus pais, que temiam por sua segurança.

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No mesmo dia, no final da tarde, Vanessa retornou à residência e foi atacada por Caio, que a esfaqueou três vezes no peito. Ela foi socorrida e submetida a uma cirurgia na Santa Casa de Campo Grande, mas não resistiu aos ferimentos, falecendo por volta das 23h55. Caio foi preso em flagrante e teve sua prisão preventiva decretada na sexta-feira (14).

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O caso gerou grande repercussão e questionamentos sobre a eficácia do atendimento às vítimas de violência doméstica. O governador Eduardo Riedel determinou a apuração dos fatos, e o delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Lupérsio Degerone Lucio, afirmou que a instituição está ao lado da vítima e de seus familiares. Um procedimento foi instaurado para investigar a conduta no atendimento a Vanessa e aprimorar o suporte às vítimas nas delegacias.

Além de jornalista, Vanessa era servidora do Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul. Duas semanas antes do crime, ela e Caio haviam iniciado o processo de habilitação para casamento, conforme documento emitido pelo Cartório do 2º Ofício de Campo Grande. O caso levanta importantes discussões sobre a efetividade das medidas protetivas e o apoio oferecido às mulheres em situação de violência.