A Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos – DERF – que também tem como atribuição reprimir crimes de extorsão, concluiu investigação envolvendo organização criminosa gaúcha que aplicou o chamado golpe dos nudes em diversas vítimas domiciliadas em Campo Grande.
O prejuízo para as vítimas já totaliza mais de 5 milhões de Reais conforme apurado durante as investigações.
Como funciona o golpe:
Inicialmente, os criminosos cadastram um perfil fake em uma rede social, com denominação, imagens e outras características de uma mulher jovem, com aparência que varia aproximadamente entre 16 e 25 anos.
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O perfil da jovem fake então adiciona e inicia diálogos com a vítima, cujos alvos prediletos são homens, normalmente de meia-idade ou idosos, por vezes casados. O perfil fake conversa e inicia o flerte com a vítima alvo.
Com a prática reiterada e o aperfeiçoamento do crime, os perfis fakes já são mais elaborados, possuem um bom número de amigos virtuais, fazem postagens diversas e até adicionam amigos das vítimas, de modo que a essa é levada a crer que o perfil é real.
O envio de fotos sensuais e íntimas faz com que a vítima, que já acredita que aquele perfil é verdadeiro, passe a ser cobrada também para encaminhar seus próprios nudes, e assim o faz.
Na segunda etapa do golpe, outro contato é feito com a vítima, normalmente por meio de whatsapp, contudo, agora, apresenta-se como um familiar da também suposta adolescente e passa a exigir valores financeiros como “reparação” de um dano emocional causado à jovem pelas trocas de “nudes”.
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Depois de um tempo, em novo contato, apresenta-se desta vez como Delegado de Polícia dizendo que a mulher jovem do perfil fake é uma menor de idade e que por isso a troca de imagens íntimas entre a vítima e o perfil da jovem constituiriam crimes de pedofilia, o que resultaria em prisão, ação penal e exposição.
Por falta de conhecimento ou por medo da exposição, a vítima passa a acreditar no suposto familiar e no falso Delegado e pensa que, de fato, cometeu uma grave ilicitude e que responderá criminalmente, por isso cede às condições exigidas pelos extorsionários, os quais exigem transferências intermináveis de quantias em dinheiro para contas bancárias por eles indicadas.
Investigações e identificação do suspeito de liderar o grupo criminoso
Foram instaurados inquéritos policiais decorrentes do registro de ocorrências nos quais as vítimas alegavam que estavam sendo extorquidas sob as mesmas circunstâncias umas das outras. A história contada era a mesma e parte das contas correntes indicadas pelos extorsionários para receberem os valores exigidos eram de titularidades de pessoas em comum, todas moradoras do Estado do Rio Grande do Sul e ligadas a pessoas presas em presídios também daquele estado.
Os criminosos tinham como predileção vítimas do sexo masculino bem-sucedidas com alto poder aquisitivo que eram identificados por meio das redes sociais. No entanto, pessoas de diversas classes sociais também foram vítimas.
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Durante os trâmites dos Inquéritos Policiais, levantamentos de sigilos bancários, relatórios do CAOF e da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Sul permitiram a identificação dos criminosos, em sua maioria naturais e domiciliados no Estado do Rio Grande do Sul.
Por meio de representação da DERF, o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul decretou a prisão preventiva de Eric Basso da Silva, vulgo CHAPOLIN, apontado pelas investigações como líder do grupo que aplicava os golpes.
O investigado possui antecedentes policiais pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e tráfico de entorpecentes, além de já ter ficado custodiado em presídios do Rio Grande do Sul junto com outros suspeitos. Seu último domicílio foi identificado em Bento Gonçalves/RS.
Eric Basso é considerado foragido após diligências preliminares infrutíferas para a realização de sua prisão. Ele também teve contas bancárias e valores bloqueados por ordem judicial.
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Além de ser suspeito de orquestrar a prática do golpe, recebendo valores exigidos e determinado contas bancárias para remessa dos valores, ele teria contratado e pagado um detetive particular para monitorar uma vítima e seus familiares, remetendo fotos da rotina deles à vítima a fim de mantê-la em grave ameaça.
O suspeito que teve a prisão decretada e mais 14 pessoas foram indiciadas por extorsão e integrar organização criminosa.
Durante as investigações, foram identificados indícios de que os suspeitos integram a facção denominada “Bala na Cara” ou “BNC”, uma das mais violentas do Rio Grande do Sul. Conforme verificado, os investigados possuem ligação com tal facção, seja por residirem em suas áreas de domínio, seja por terem passagens pelo sistema prisional em galerias destinadas à membros da referida facção.
Os inquéritos policiais já foram relatados pela DERF e encaminhados ao Poder Judiciário para que o Ministério Público avalie o oferecimento da denúncia em face dos investigados.
Para as investigações e para operacionalização da tentativa de prisão de Eric Basso, A DERF contou com apoio do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Informáticos – DERCC – e da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos – DPRCPE, ambos do Estado do Rio Grande do Sul.
Fonte: Policia Civil MS