Pomanas CG é uma iniciativa voluntária que valoriza a relação com a terra e o cultivo dos próprios alimentos. A partir de grupos de apoio e trocas, o projeto estimula o desenvolvimento de hortas caseiras e ensina a plantar determinadas hortaliças, ervas e árvores frutíferas. O coletivo atua em Campo Grande desde o ano passado, espalhando a pegada verde consciente pela capital.
Com nome oriundo da junção entre o nome de duas deusas, nasceu Pomanas. “Procuramos na literatura uma referência para o empoderamento socioambiental. Pomanas, tem sua etimologia derivada da mitologia Inca, onde Pachamama é a mãe Terra, sendo a deidade máxima dos povos originários dos Andes Centrais. Na mitologia grega Pomona, deusa da abundância e dos pomares”, conta a diretora Mariana Ledesme Mendes de Sousa (25). A sigla ‘CG’ é referente à capital sul-mato-grossense, local em que o sonho foi nutrido e agora floresce aos poucos.
Um dos membros da organização, Maykon Cabral Lopes (21), explica que o propósito central constitui em uma reorganização de hábitos. Pomanas busca “remanejar a cultura campograndense de desenvolvimento humano urbano para uma síntese urbana ambientalista que possa estimular desde a menor infância até a população idosa, criando uma nova nutrição, saúde fitoterápica e mental da homeostase do ser humano com a natureza”, expõe Maykon.
Hortas comunitárias
Foi com a implantação de hortas comunitárias que a Pomanas CG iniciou suas atividades. O objetivo é que estas fossem desenvolvidas em bairros afastados do centro, mas os planos tiveram que ser reprogramados após a falta de crença das pessoas no projeto e dificuldades de infraestrutura, resultando no incentivo a criação de hortas em casa.
Mariana acredita que a horta comunitária é essencial no contexto urbano de Campo Grande. Isto se faz necessário principalmente “verificando o detrimento das áreas verdes nos bairros em relação a construção civil, a dificuldade do comércio de hortifrutigranjeiros em encontrar matéria prima ao ser destruída a área de cultivo na rua Petrópolis, bairro União”.
Na visão dela, a população está perdendo a sustentabilidade e o suprimento alimentício dentro dos bairros. “A horta comunitária é importante para o incentivo de uma alimentação mais saudável e orgânica e regionalizada, onde possamos a cultivar e consumir as PANC (plantas alimentícias não convencionais), onde algumas nascem espontâneas no bioma do nosso cerrado. Como a ora-pro-nóbis, que alguns tratam como “erva daninha”, mas não recolhem o seu devido valor, ainda mais nutricional”, acrescenta Mariana.
Hortas residenciais
Após reajustes no planejamento, a solução foi a de implementar hortas nas residências, de forma que a Pomanas CG oferece o suporte aos moradores. A decisão foi tomada no fim de 2019, mas o cenário atual da pandemia do novo coronavírus atuou como um incentivador para a aplicação do projeto, considerando a necessidade de se reconciliar com a terra.
“Agora em pandemia se torna mais essencial impulsionar essas atividades para, assim, estimular o ciclo das chuvas, trazer novas forma de encontrar alimentos baratos sem necessitar ir ao mercado e se expor a sistemas que põem em risco a saúde do consumidor”, ressalta Maykon.
Marina pontua, também, que através da popularização do cultivo de hortas orgânicas em residências, é possível alcançar uma alimentação mais saudável para as pessoas de baixa renda. “É uma ferramenta para uma educação ambiental de qualidade”, reforça ela.
Grupos voluntários
Apesar da presença de Mariana e Maykon na linha de frente, o projeto é coletivo e voluntário. Desenvolvido com trabalho em equipe, é ramificado em três grupos com demandas específicas.
O grupo de comunicação é responsável por colaborar com criação de conteúdos de design, edição, produção de textos, fotografar e divulgação nas redes sociais. Na parte da mão de obra, o foco está na distribuição de mudas, sementes e realização de limpezas. Há também a parte financeira, na qual é possível realizar doações mensais com valores acima de R$ 5,00.
Para participar voluntariamente em qualquer uma das vertentes, é necessário o preenchimento da ficha de inscrição com seus dados e interesses dentro do projeto. Os moradores que desejam realizar o plantio, possuem um formulário diferente para se inscrever. Para os interessados em conversar com o coletivo, há um grupo principal no Whats App, no qual recebem as pessoas para tirarem suas dúvidas, o contato pode ser feito através do Instagram @pomanascg.
“Não temos um líder ou qualquer tipo de figura superior. Todos os integrantes podem se expressar e participar livremente das atividades do movimento; ‘Uma árvore sozinha, não se transforma em floresta’. Plantamos nossas ações em conjunto e com o constante diálogo com os voluntários do movimento. Mas algumas decisões podem ser descentralizadas do grupo a fim de dar maior execução nas ações, sempre alinhadas e mantendo a transparência e a comunicação a todos os integrantes do movimento”, ressalta Mariana.
Metas para o futuro
Com estímulo à co-criação e a fitoterapia, que é a utilização de plantas na saúde, o coletivo Pomanas CG fortalece os solos da sustentabilidade e das redes humanas de apoio. Entre suas metas está o crescimento da adesão popular ao projeto, ensinando as pessoas a plantar e oferecendo palestras sobre alimentação saudável e educação ambiental.
Além disso, também procuram conseguir um terreno para a implementação de hortas comunitárias e realizar visitas constantes a residências.
“Encontrar maneiras de viver na pandemia com a saúde fortificada pela interação otimizada com o Ambiente e criar uma sensação maior de pertencimento ao meio e protocooperação entre os moradores dos bairros da cidade”, resume Maykon.
Contatos
Instagram @pomanascg
Página no Facebook: Pomanas CG
Ficha de inscrição para voluntários
Ficha de inscrição para moradores