Prefeitura pagou, empreiteira 'vazou' e povo do Noroeste segue em ruas com lama e poeira

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Prefeitura pagou, empreiteira 'vazou' e povo do Noroeste segue em ruas com lama e poeira

Operação ”Cascalho de Areia”, deflagrada pelo Ministério Público Estadual, em 15 de junho, traz indícios de fraude na execução de serviços de ruas não asfaltadas de Campo Grande, durante a gestão Marquinhos Trad, do PSD. A devassa mostra que empreiteiras receberam, mas não prestaram a melhoria nas vias. 

A investigação foi feita por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, o GAECO, com apoio do Grupo de Combate à Corrupção, o GECOC. Contratos e planilhas das empreiteiras contratadas pela prefeitura foram esmiuçados antes da deflagração da operação, em 15 de junho deste ano.  

A empresa em questão, tratada como suspeita, é a A.L dos Santos, que, junto de outras duas empresas, venceram licitação em 2018 para cuidar das ruas sem asfalto na Capital. Juntas, a ”trinca” iria ganhar R$ 20 milhões para os serviços, na gestão do ex-prefeito Marquinhos Trad, do PSD. Ao todo, o prejuízo estimado ao contribuinte da Capital é de R$ 300 milhões.  

A apuração mostra que a Rua Vaz de Caminha, entre a Andrade Neves e Ataufo Paiva, no Jardim Noroeste, recebeu três intervenções da A.L dos Santos, no intervalo de 30 dias (2 e 7 de junho e 1º de julho de 2022). Porém viu-se que não há indícios quaisquer dos trabalhos. Esse local deveria ter recebido o serviço de limpeza, conformação e aplicação de revestimento primário. 

O GECOC refletiu que, além de não haver indícios de obras feitas, a quantidade de revestimento a ser aplicada no trabalho deveria ser muito maior que os 384 metros cúbicos calculado pela empreiteira. 

A investigação fez uma comparação de fotos de um trecho da rua que deveria ter recebido a melhoria, em 2022 com imagem da mesma via, que recebeu verdadeiramente o serviço, mas em 2011. A diferença é gritante e expõe que é fácil reconhecer visualmente quando o serviço foi feito e quando não foi. 

Rua Osasco foi dada como arrumada, mas não foi, diz GECOC. (Foto: MPE-MS)

O problema se repete em diversos outros pontos da mesma rua, o que segundo o relatório apresentado à investigação, sugere que houve fraude na execução do contrato. Também há indícios de fraude em serviços na Rua Osasco, entre as ruas Adventor Divino e Conquista. 

O retrato atual de todas as vias citadas é de lama ou poeirão, causando transtornos à população em tempos de seca e chuva. Foi a observação dos moradores que ajudou o Grupo a reforçar a tese que houve desonestidade na realização dos serviços contratados. 

O espaço está aberto às empresas e investigados citados na matéria. 

Patrola, dono da empresa ALS

André ”Patrola” é dono de empreiteira suspeita de fraude. (Foto: Silas Lima e redes sociais)

Patrola

A A.L dos Santos fica na saída para Três Lagoas e pertence ao empresário André Luiz dos Santos, conhecido no meio político como ”Patrola”. A ele são atribuídas diversas acusações, inclusive de favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual e foi citado até na investigação de assédio sexual contra Marquinhos Trad. Também há investigação sobre crime ambiental em condomínio de luxo. 

Cascalho de Areia

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da 31ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social de Campo Grande, deflagrou Operação “Cascalhos de Areia” que objetivou o cumprimento de 19 mandados de busca e apreensão na Capital, decorrentes de decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul.

A operação ocorre dentro de um Procedimento Investigatório Criminal que tramita na Justiça Estadual, e apura a atuação de possível organização criminosa estabelecida para a prática de crimes de peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro, relativos a contratos para manutenção de vias não pavimentadas e locação de maquinário de veículos junto ao Município, que ultrapassam o valor de 300 milhões de reais.
 



Fonte: Top Mídia News