Com financiamento da Lei Paulo Gustavo, o Grupo TEZ celebra seus 40 anos de fundação promovendo a arte do cinema em nove comunidades quilombolas de MS.
O projeto Olubayo segue sua jornada de exibições cinematográficas e, nesta semana, chega em dose dupla a duas comunidades quilombolas. A primeira sessão será realizada na Comunidade Quilombola Chácara Buriti, em Campo Grande, na sexta-feira (28), e a segunda no município de Terenos, no sábado (29), na Associação da Comunidade Negra Quilombola Rural dos Pretos, Chácara São Miguel. Ambas as sessões serão promovidas às 19h, com entrada gratuita e classificação livre.
A iniciativa, que já percorreu cinco comunidades, tem o objetivo de levar a magia do cinema a territórios quilombolas e comunidades negras urbanas, promovendo reflexões sobre identidade, resistência e ancestralidade por meio de obras dirigidas por cineastas negros.
A programação traz a exibição de cinco filmes: Fábula da Vó Ita, de Joyce Prado; Bonita, de Mariana França; Luzes Debaixo, de Tero Queiroz; Águas, de Raylson Chaves; e Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha, de Daphyne Schiffer.
Para Tero Queiroz, diretor de “Luzes Debaixo”, o Olubayo está alinhado com seus ideais de valorização da cultura preta, além de ser um projeto conduzido pela Professora Bartô, alguém que ele admira profundamente.”‘Luzes Debaixo’ é um recorte documental que, por meio da poética, narra as dores de corpos pretos depositados sob pontes e depois expulsos delas. Feito de forma independente, com uma câmera e nada mais, mostra como, em meio ao cinza, luzes surgem levando comida, conversa e afeto, reafirmando alianças. A defesa da população de rua é uma luta negra, pois a maioria das pessoas nessa situação é periférica e preta. O filme dialoga com as comunidades quilombolas ao evidenciar a marginalização e silenciamento desses corpos, algo que muitos quilombolas, direta ou indiretamente, vivenciam em suas próprias trajetórias. “Luzes Debaixo” reforça que, mesmo diante da opressão, sempre há espaço para o afeto e para a luta”.
A idealizadora do Olubayo, Professora Barthô, também destaca a satisfação de ver a recepção calorosa das comunidades e os debates promovidos após as sessões.
“A experiência tem sido maravilhosa. Por mais que a gente tenha uma série de critérios para escolher os filmes, fazer a produção e conversar com a comunidade, nunca temos certeza de como tudo vai acontecer. O que nos desperta é o momento em que chegamos na comunidade, com nosso material, câmeras e celulares, e começamos a conversar com as pessoas. Durante a exibição, percebemos a emoção do público e, ao final, o debate tornou-se uma grande revelação. Jovens, crianças, idosos, homens e mulheres tomam a palavra e compartilham suas reflexões. Isso tem sido incrível e nos motiva ainda mais a continuar esse trabalho”.
O projeto, que percorrerá nove comunidades negras ao todo, já reuniu mais de 400 pessoas nas sessões realizadas até o momento em cinco quilombos. Ainda estão previstas exibições em mais duas comunidades: na Associação Familiar Negra São João Batista, no dia 5 de abril, e na Associação da Comunidade Negra Quilombola Urbana Eva Maria de Jesus – Tia Eva, no dia 12 de abril, ambas em Campo Grande.
O Olubayo faz parte das comemorações pelos 40 anos do grupo TEZ (Trabalho Estudos Zumbi). O projeto conta com investimento da Lei Paulo Gustavo, do MinC – Ministério da Cultura e do Governo Federal, por meio de edital da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), da Setesc e do Governo do Estado. Mais informações podem ser acompanhadas pelo Instagram (@olubayo_cinemanegro).

