O influenciador Rico Melquiades jogou ao vivo o ” Jogo do Tigrinho ” durante depoimento à CPI das Apostas Esportivas , nesta quarta-feira (14), a pedido da relatora Soraya Thronicke (Podemos-MS). A demonstração aconteceu no plenário do Senado, enquanto a comissão investigava a atuação de plataformas e divulgadores de jogos de azar no Brasil.
O momento foi exibido pela TV Senado. Durante a simulação, Rico apostou R$ 4 e teve um retorno de mais de R$ 100. A senadora pediu que ele mostrasse o funcionamento do jogo para esclarecer como ocorrem as interações nas redes sociais. “Quero ver o senhor jogando. O senhor sempre posta ganhando. Quando a gente joga, quero presenciar isso”, afirmou Soraya.
A CPI das Apostas analisa se influenciadores digitais, como Rico, incentivam o público a jogar com promessas de lucros fáceis. A relatora destacou que parte dos conteúdos nas redes mostra ganhos, sem alertar para as perdas ou riscos financeiros. “Muitos influenciadores fazem vídeos jogando, outros alertam para os riscos”, disse Soraya.
Rico confirmou que seu contrato inclui cerca de 15 postagens por mês. Segundo ele, nem todas envolvem apostas ao vivo, mas há exigência de pelo menos dois minutos jogando. “Não existe um script fixo, mas a gente recebe um briefing”, explicou o influenciador.
Ele também afirmou que atualmente precisa alertar os seguidores sobre os perigos das apostas. Mesmo assim, admitiu que costuma postar momentos em que vence nos jogos. A prática gerou críticas de senadores, que a consideram uma forma de seduzir o público com uma ilusão de lucro fácil.
Plataformas exigem verificação, mas menores ainda acessam
Durante o depoimento, a senadora questionou se influenciadores ajudam a burlar restrições de idade. A legislação exige verificação de identidade e idade mínima para uso das plataformas. No entanto, a CPI apura se as medidas têm sido suficientes para impedir o acesso de menores.
Após a exibição de Rico, com a aposta simples multiplicando o valor em quase 30 vezes, os parlamentares ficaram preocupados com o impacto desse tipo de conteúdo. Segundo eles, vídeos assim alimentam a sensação de que qualquer pessoa pode ganhar, o que pode atrair crianças e adolescentes.
A CPI das Bets já analisa propostas para responsabilizar plataformas e criadores de conteúdo. A ideia é que influenciadores que divulgam jogos de azar assumam responsabilidade por seus impactos. Estão em debate medidas como advertências obrigatórias, proibição de acesso por menores e limite de publicações patrocinadas.