“Foi na dor que eu reconheci a importância de Deus na minha vida. Precisei estar presa para voltar aos estudos e aos caminhos do Senhor, mas ainda bem que tive essa chance e sou muito grata por isso”, revela a reeducanda Daniele Renata, de 27 anos.
Presa há mais de dois anos, a interna conta que nos momentos de espiritualidade e fé encontra a paz e a motivação que precisa para trilhar um caminho diferente quando conquistar a liberdade. “Vou correr atrás do meu sonho em ser pediatra”, afirma Daniele que está cursando o Ensino Médio dentro da unidade penal.
E foi com testemunhos como esse que levou o arcebispo Dom Dimas Lara Barbosa a celebrar o Sacramento do Crisma dentro do EPFIIZ (Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”), na capital.
“É sempre muito bom a gente perceber que as pessoas, independente da sua função e do seu passado, são chamadas à ação da graça de Deus. E o Senhor, que nos acolhe como nós somos, quer nos transformar, por isso estar aqui é muito gratificante”, agradece o arcebispo da Arquidiocese de Campo Grande.
Ações como essa, que prestam auxílio e assistência religiosa aos custodiados de Mato Grosso do Sul, são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), por meio de sua Divisão de Promoção Social.
Em uma mistura de sorrisos e lágrimas, cerca de 30 reeducandas participaram da missa celebrada durante a tarde do último sábado (12). Com ela, cinco mulheres receberam o Sacramento do Crisma, que para a Igreja Católica representa a confirmação do Batismo pelo Espírito Santo.
“Foram 18 meses de preparação antes desse momento”, afirma o coordenador-geral da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Campo Grande, Said Brandão Sayd. “A iniciação à vida cristã e a catequese é feita com muita seriedade dentro das unidades penais, assim como aqui fora. E começamos um novo ciclo para o batismo, Eucaristia e uma nova crisma em abril, então ano que vem vamos ter esses sacramentos com a nova turma”, complementa.
Pela Pastoral Carcerária, somente este ano foram batizadas três reeducandas e mais seis concluíram a primeira Eucaristia. “Acreditamos que ano que vem teremos 20 ou mais”, finaliza Sayd.
Em Campo Grande, cada unidade penal está sendo assistida por diferentes paróquias. No EPFIIZ, a Paróquia que apoia é a São José. Durante a semana os padres realizam a confissão dos apenados e celebram missa a cada dois meses. No Natal, a intenção é realizar missa com encenação do nascimento de Jesus.
A celebração contou, ainda, com a presença do diácono José Amâncio, além de membros da Pastoral Carcerária e de policiais penais.
Texto e Fotos: Tatyane Santinoni, Agepen