A Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, deu um passo importante para o acolhimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em unidade de saúde 24 horas. Nesta terça-feira (22/10), foi entregue a primeira sala de TEA (Transtorno do Espectro Autista), na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário. A iniciativa faz parte do Projeto “TEAcolher”, que busca garantir um atendimento humanizado e inclusivo para pacientes autistas e com outras deficiências ocultas.

Para a servidora pública Josimara Pasfolini Ribeiro Reis, que é mãe de um adolescente autista, a sala representa uma grande vitória. “Essa é uma das nossas maiores lutas: um acolhimento diferenciado. O projeto veio ao encontro da necessidade de um espaço adequado para o atendimento do autista que não está em crise, mas que precisa de cuidados rápidos e humanizados”.

A mãe atípica Ariane Balençoela, que também tem um filho autista, grau 3, destacou a importância da sala na unidade de saúde. “É muito importante a gente ter isso na rede pública, a gente tinha muita dificuldade porque eles não conseguem esperar, não têm noção, paciência e uma sala como esta, aqui na UPA Universitário, é muito boa, justamente para acolher essas mães”.

Desenvolvimento do projeto na UPA Universitário

A designer de interiores e médica, Fernanda Daniela, responsável pela criação do ambiente, destacou a importância da neuroarquitetura para esse público. “Trabalhamos com cores suaves e móveis seguros para criar um espaço que regula os estímulos sensoriais dos pacientes. O objetivo é proporcionar um atendimento que respeite as particularidades dos pacientes neurodivergentes, garantindo um ambiente acolhedor e seguro”.

Com relação aos brinquedos que integram a sala, eles são instrumentos pedagógicos e terapêuticos dentro da sala. “Então, quando a gente fala em brinquedo, tudo foi especificamente pensado para as crianças e especificamente as crianças neurodivergentes, então são brinquedos, na sua grande maioria, todos feitos de produtos naturais, madeira, com pintura não tóxica e cantos arredondados. Brinquedos seguros, feitos por empresas que trabalham especificamente com autismo”, pontua a médica.

Assim, um dos grandes objetivos da sala, foi que o atendimento não fosse só a criança com neurodiversidade. “Mas os cuidadores, os familiares podem ter o seu momento de cuidado ali, visto que a criança vai estar num ambiente seguro, controlado e com os estilos necessários para que os cuidadores possam passar por uma consulta, uma avaliação, enquanto a criança fica ali aguardando”, ressalta Fernanda.

Segundo o CDC (Center of Deseases Control and Prevention), existe um caso de autismo a cada 110 pessoas nos Estados Unidos, o que sugere que cerca de 2 milhões de brasileiros podem ter TEA. Em Campo Grande, esse número pode chegar à 8,9 mil pessoas.

“TEAcolher”

O Projeto Pioneiro é focado no atendimento de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras deficiências ocultas, proporcionando um espaço adequado e acolhedor. A partir de um ambiente seguro e inclusivo, a sala projetada oferece atendimento humanizado, com adaptações às necessidades sensoriais dos pacientes.

Assim, o atendimento ocorre para todas as idades, ou seja, todos os pacientes com TEA que procurarem à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário poderão usar a sala durante os processos de identificação, triagem e priorização de atendimento da unidade, com isto, trazendo mais qualidade aos pacientes.

Além de uma estrutura toda adaptada, os profissionais de saúde também passaram por capacitação focada na neurodiversidade. A próxima etapa deste projeto deve chegar às unidades PAI/CRS Tiradentes e Coronel Antonino. O objetivo é ampliar a meta é expandir para todas as 74 Unidades de Saúde da Família, passando antes, pelas 10 UPAs e CRSs de Campo Grande.

A secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, enfatizou o foco da administração municipal em garantir que cada cidadão que busca os serviços de saúde receba o atendimento adequado e de qualidade. “Para isso, é essencial que as equipes estejam alinhadas e motivadas a seguir as diretrizes propostas. Então, para nós, receber uma sala como esta, moderna, que contou com doações voluntárias, é uma honra”.

O que são os TEAs?

Os Transtornos do Espectro Autista são condições que afetam a comunicação, comportamento social e interesses, e se manifestam na infância, podendo persistir na adolescência e na vida adulta. O apoio adequado é essencial para que as pessoas com TEA possam viver de maneira plena e digna.

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