Áudios divulgados pela Polícia Federal nesta sexta-feira (9) relacionados à investigação de uma máfia de contrabandistas e traficantes que agem em Mato Grosso do Sul revelam o desejo de matar delegado conhecido por recusar propina.
A ligação foi feita após o flagrante de uma carreta carregada com 800 caixas de cigarros. Os investigados falam sobre o prejuízo para a quadrilha e a atuação do delegado, o qual, conforme conversa dos alvos, não aceitava propina. Além disso, comentam sobre o poder do “homem”, do patrão, que poderia acabar mandando matar o referido delegado.
INVESTIGADO 1: Mas porque? Não tava pagando?
INVESTIGADO 2: Não, mas lá o Delegado não aceita, o Delegado lá não pega.
INVESTIGADO 1: Ele tava a paisano será?
INVESTIGADO 2: Tava, tava paisano, na hora que viram tava em cima. Só deu tempo de jogar o caminhão em cima, já abrir a porta e ganhar.
INVESTIGADO 1: De dia?
INVESTIGADO 2: Ahan, agora a pouco.
INVESTIGADO 1: Eita porra, como é que conseguiu escapar?
INVESTIGADO 2: Sei lá que porra que ele inventou. Num sei se eles escapou ou se pegou.
INVESTIGADO 1: Ah, pra escapar de dia não é fácil não
INVESTIGADO 2: Tentou escapar pelo jeito lá.
INVESTIGADO 1: Rapaz.
INVESTIGADO 2: To em outra turma aqui já ferrado.
INVESTIGADO 1: Hum, que cagada hein bicho. Eita porra, se o cara num é do acerto e a “azulzinha” é do acerto porque que não avisaram: Ó num vem não que o Delegado hoje tá andando.
INVESTIGADO 2: Então, mas parece que tentaram avisar, mas daí se sabe que ele é um cu de mexer tem hora né? C vai tentar avisar e o cara “pode deixar que eu vou tirar hoje e é hoje que eu quero tirar”. Aí parece que o Delegado tava de folga e tava lá a paisano e foi uma só na cabeça, aí deitou.
INVESTIGADO 1: Eita, ele vai ficar louco.
INVESTIGADO 2: Vai né cara, fazer o que!
INVESTIGADO 1: Será que ele num vai mandar matar o Delegado não bicho?
INVESTIGADO 2: Então, vai saber !
INVESTIGADO 1: Rapaz, num sei não se esse Delegado vai viver hein. (Risos) eu acho que ele num vai pegar a manga do final do ano não.
INVESTIGADO 1: Eu também acho que não, ta. Eu num sei não bicho!! O que que c me fala?
INVESTIGADO 2: É foda hein.
INVESTIGADO 1: Se eu tivesse o poder que o “homi” tem, hoje mesmo já buscava ele.
A ligação liberada pela Justiça faz parte do contexto das Operações “Celeritas” e “Greasy Money”, deflagrada anteontem (7) para desarticular o grupo. O trabalhos policiais, iniciados em 2017, tiveram como alvo principal perigosa organização criminosa em razão da forma imprudente, geralmente em altíssima velocidade, com que seus motoristas conduziam os veículos roubados ou furtados, carregados com cigarros paraguaios ou drogas, a partir da região de Mundo Novo. Os destinos eram vários Estados da Federação.
Em outro áudio, os criminosos exaltam a potência do veículo, dizendo que deu 265 km/h, demonstram ainda a total falta de segurança na condução afirmando que a direção tremia muito devido ao excesso de velocidade.
INVESTIGADO 1: O “NATHAN” diz que o carro é uma galinha tá.
INVESTIGADO 2: Né não!!
INVESTIGADO 1: Diz que deu 265 começou a tremer. Ele num viu na vida dele um trem pra andar daquele jeito!!
INVESTIGADO 2: (Risos)
INVESTIGADO 1: É doido! Diz que é um canhão. “É doido bicho ! Isso é uma máquina menino.”
INVESTIGADO 2: Doido hein.
INVESTIGADO 1: Diz ele que daí começa a vibrar às vezes, treme um pouco e aí perde a estabilidade. Diz ele que deu 265. “Mas é nada! C deu isso bicho ? To te falando bicho. Duzentos e sessenta e cinco. Não filmei porque tremia demais”. Te juro por Deus que ele falou.
INVESTIGADO 1: É doido. Eita máquina da porra. Mas beleza então.
No terceiro áudio, após o flagrante de dois veículos carregados com maconha, o investigado questiona o motorista de um dos veículos carregados com ilícito, porque não atirou (“revidou”) na equipe policial durante sua fuga.
INVESTIGADO 1: Tá com a sua mauser? aí?
INVESTIGADO 2: Tá, claro ué (risos)
INVESTIGADO 1: Mas você nem revidou?
INVESTIGADO 2: Ahn?
INVESTIGADO 1: Deu nem tempo de revidar?
INVESTIGADO 2: Ah deu tempo não né cara, corri demais… preferi não revidar pra eles não ver o rumo que eu tava indo… saindo, aí eles ve né
INVESTIGADO 1: Tá certo…
INVESTIGADO 2: E ia dar mais problema pra mim né