Vice-governadora pediu que Mato Grosso do Sul seja olhado de forma diferente, por ser um Estado de fronteira
O presidente Michel Temer anunciou R$ 42 bilhões para estados usarem no reequipamento das policias e criação de sistemas de inteligência
A vice-governadora Rose Modesto defendeu nesta quinta-feira (1/3), durante reunião em Brasília com o presidente Michel Temer – que teve a participação de 16 governadores e outros sete vices – que a região de fronteira receba tratamento diferenciado por ser rota do tráfico e contrabando de produtos, principalmente, armamentos.
Rose Modesto participou do encontro representando o governador Reinaldo Azambuja, que desde o início do mandato, em 2015, tem defendido a necessidade de a União assumir a segurança na fronteira. “O Governo Federal tem enxugado gelo com as operações pontuais nos morros do Rio de Janeiro. É preciso blindar a fronteira, por onde entra as armas e drogas que vão para os morros”, tem afirmado o governador.
No encontro, o presidente anunciou que os governos estaduais e municípios com mais de 500 mil habitantes vão ter direito a uma linha de crédito de R$ 42 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para criação de sistemas de inteligência e programas de reequipamento das polícias, incluindo compra de armamento. Para este ano serão R$ 5 bilhões. O prazo para pagamento da dívida do financiamento será de oito anos, com dois anos de carência.
O Governo de Mato Grosso do Sul vai ter até abril para apresentar o seu projeto e solicitar os recursos. Em junho, serão divulgados os projetos aprovados e em agosto começam a ser implantados os programas, segundo cronograma divulgado pela presidência da República.
“Este recurso está liberado para aparelhamento, construção e também custeio”, enfatizou a vice-governadora, destacando que “sem dúvida nenhuma há uma preocupação muito grande com a fronteira, até porque hoje a nossas policias, a militar e a civil, tem feito este trabalho sozinhas. Só que, diante destas apreensões que estamos fazendo, se por um lado isso é positivo porque combatemos o crime, por outro gera um problema: que é o número de presos dentro dos presídios”.
De acordo com Rose, Mato Grosso do Sul gastando em média R$ 120 milhões/ano com os presos transnacionais. “É uma pauta que queremos que a União assuma, além de investir e equipar melhor nossas policiais. Pedimos que Mato Grosso do Sul seja olhado de forma diferente, por ser um Estado de fronteira e que lá possa chegar essas forças federais (policiais federais e policiais rodoviários federais) para de fato diminuir a criminalidade no Estado e no país”.
Para tanto, uma das alternativas é retomar o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron). “O ministro Raul Jungmann fez o compromisso de retomar. Ele defende que os investimentos na fronteira sejam maiores tanto na área de inteligência como em outros setores, mais na área de inteligência do que na presença das forças armadas. Nós pedimos as duas coisas, entendemos que as Forças Armadas podem contribuir. Também pedimos projetos e programas de inteligência. Mato Grosso do Sul foi um dos estados que começou um projeto piloto (de inteligência) e que não teve sequência”, destacou a vice-governadora.
Atuação conjunta
A atuação conjunta dos estados de fronteira no combate ao crime também foi defendida por Rose Modesto: “Queremos todos os Estados de fronteira discutindo unidos. Ou a gente combate na fronteira ou lá na ponta acaba sofrendo todo mundo. A fronteira precisa ter um projeto especifico, recursos diferenciados e número maior das forças federais fazendo a segurança nestes estados. Foi feito o pedido e tenho certeza que seremos atendidos”, finalizou.