“Para ocultar estupros, Fonoaudiólogo oferecia brincadeiras e doces para as crianças”, diz delegada

Segundo delegada, autor tinha um 'modus operandi' de ação; Wilson ficou em silêncio durante interrogatório

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O fonoaudiólogo Wilson Nonato Rabelo ficou em silêncio durante os interrogatórios da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), na tarde desta quinta-feira (17), em Campo Grande. Ele está preso na Gameleira 2 e foi à delegacia exclusivamente para prestar depoimento.

 

 

“Ele foi interrogado nos três inquéritos de estupro de vulnerável. Então ele foi interrogado três vezes hoje. Em todas as vezes, ele manifestou o desejo de permanecer em silêncio e falar apenas em juízo, mas também não negou nenhuma conduta libidinosa, apenas manteve o silêncio por orientação do seu advogado”, explica a delegada Fernanda Mendes.

 

 

Wilson foi preso em flagrante, na última quarta-feira (9), após denúncia dos pais de um menino de 8 anos. A criança contou sobre os abusos para a família, que a orientou a gritar e correr em caso de comportamento estranho. Até o momento, ao menos quatro abusos teriam sido confirmados pela polícia.

 

 

“As quatro crianças confirmaram a violência sexual. Ele ofertava doces. Ele pedia para colocar a máscara no rostinho, nos olhos de uma das crianças. A conduta libidinosa normalmente é semelhante entre as vítimas, mas o enrolar da criança geralmente mudava. Usando a maneira lúdica para conseguir o que queria, ou seja, o abuso sexual”, explica a delegada.

 

 

Famílias em desespero

Uma mulher de 21 anos contou que Wilson era bem convincente e não deixava os pais acompanharem as sessões. “Ele fala que seria essencial para o desenvolvimento da criança [estar sozinha], pois algumas crianças se acuavam quando os pais estavam junto”.

 

 

Segundo a mãe, não é possível saber se seu filho foi abusado porque ele tem dificuldade na fala. Ela chegou a ouvir a criança gritar, mas achou que era normal porque o menino se irrita com certa facilidade e podia estar apenas brincando com o material disponível no consultório. No entanto, em retrospecto, conta que o fonoaudiólogo trabalhava de forma diferente de outros profissionais.

 

 

 

 

“Meu filho consultava com outra fono. Quando eu entrei na sala, ele até falou que não gostava de trabalhar com celular e o método dele é diferente, mais conversando com a criança. O chão é emborrachado, tatame, e ele ficava brincando com as crianças. Ele foi bem diferente, mas falava que a gente ia conseguir, ele [meu filho] ia começar a falar”.

 

 

Mesmo assim, Wilson prometia entregar vídeos das sessões e sempre perguntava sobre o acompanhamento em casa, se a criança conseguiu falar alguma coisa. A jovem mãe ficou assustada quando soube da prisão do profissional e imediatamente procurou a polícia. Na delegacia, encontrou outras famílias preocupadas com os filhos.