Vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande debateram, durante sessão ordinária desta terça-feira (4), medidas para minimizar os prejuízos que as obras da Avenida Bandeirantes possam causar aos comerciantes. Dentre as reivindicações, discutem-se alterações no projeto e também a execução dos trabalhos por etapas. Audiência pública já está agendada para dia 27 deste mês e Comissão deve ir para Brasília discutir a possibilidade de revisar o projeto.
O vereador André Salineiro ocupou a Tribuna para abordar o tema, citando as dificuldades que estão sendo enfrentadas no Centro de Campo Grande, onde as obras do Reviva Centro, na Rua 14 de Julho, já duram mais de um ano. “Temos um ano de obra e nenhuma quadra foi terminada”, exemplificou, lembrando os números da Câmara de Dirigentes Lojistas de que em 12 meses 1,5 mil empresas fecharam as portas e 7 mil pessoas perderam emprego.
“Errar faz parte da gestão. Mas temos que aprender com esses erros. Estamos prestes a errar novamente com reforma da Bandeirantes, onde teremos problema igual da 14 de Julho e da Brilhante”, disse. Ele exemplificou sobre o projeto, que preveem as faixas exclusivas dos corredores de ônibus, em que terminais instalados na rua, eliminando um dos lados de estacionamento.
“Teremos mais de 70% de estacionamento perdido, pois empresa não sobrevive sem estacionamento, vai fechar. Ainda temos risco de acidente com terminal, se a pessoa passa no meio da rua e a poluição dos ônibus, passando a dois metros das empresas”, afirmou o vereador. Estima-se que a Bandeirantes conte com 700 empresas e cerca de seis mil funcionários. Alguns comerciantes estiveram na sessão desta terça-feira e apresentaram suas solicitações aos vereadores, como favoráveis a revitalização, mas contrários ao projeto do corredor de ônibus.
O vereador Carlão lembrou que a obra é solicitada há muito tempo, mas não pode prejudicar um dos maiores comércios da Capital, que movimenta cerca de R$ 50 milhões por mês, pois há muitas empresas de compra e venda de carros. “A bancada federal foi oficiada para buscarmos uma saída para fazer reforma do asfalto e não prejudicar os comerciantes que estão lá com 30 anos. O recurso veio em cima do projeto. Vamos reunir comissão da Câmara, bancada federal e discutir com ministros essa alteração”, afirmou. A meta é alterar o projeto, mas há preocupação para manutenção dos recursos federais.
O vereador Ayrton Araujo lembrou que foi feita Audiência na Câmara sobre as obras, mas que “é importante ampliar esse debate para evitar o pior para os comerciantes”. Ele avalia que deve ser mantida a reforma dos pontos de ônibus, sem criar o corredor, além das melhorias no asfalto. O vereador Betinho também lembrou de audiência com presença de especialista em trânsito, que conhece a questão a nível mundial. “Tivemos reunião onde foi proposta revisão do projeto. Todo progresso gera desconforto, mas neste caso precisa ser revisto”, defende.
O vereador Otávio Trad disse que projetos há muito tempo parados conseguiram sair do papel, a exemplo da Reviva Centro ou da revitalização da Avenida Norte Sul (Ernesto Geisel). “Agora teremos a Bandeirantes, que sempre foi pedido dos comerciantes. A revitalização veio com outras questões que talvez se forem tiradas, a verba federal possa não vir. Temos que aprender com os erros, mas não há falta de diálogo”, disse.
Para a vereadora Dharleng Campos a revitalização é necessária, “mas o comércio não pode padecer. As pessoas precisam se unir, chamar vereadores e juntos encontrarmos o caminho”, disse. O vereador Valdir Gomes falou da preocupação dos comerciantes, pois a Bandeirantes já virou canteiro de obras e comerciantes temem a repetição da longa demora na Brilhante. “Até agora a Brilhante não acabou. Tem que fazer obra por etapa”, afirmou.
O vereador Delegado Wellington avalia que o projeto é necessário, mas não estabelece riscos aos comerciantes. “Precisamos estreitar diálogo com prefeitura. Temos Comissão de Obras e precisamos marcar reunião para definir quais encaminhamentos possíveis com menor dano para comerciantes”, afirmou.
Salineiro finalizou reforçando a importância de ouvir os envolvidos antes da elaboração de projetos de obras para evitar prejuízos, a exemplo do corredor exclusivo de ônibus. Audiência está agendada para dia 27 de junho, às 17 horas, na Câmara Municipal, para buscar um denominador comum, ouvindo poder público e comerciantes.