Na noite desta última quinta-feira, 19, um homem negro foi espancado e morto por dois homens em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, véspera do Dia da Consciência Negra. O homem identificado como João Alberto Silveira Freitas, tinha 40 anos, e foi agredido em uma unidade do supermercado Carrefour. As imagens da agressão foram gravadas e estão circulando pelas redes sociais.
Os dois suspeitos, um de 24 anos e outro de 30 anos, foram presos em flagrante. Um deles trabalha na polícia militar e foi levado a um presídio militar. Já o outro é segurança está em um prédio da Polícia Civil. A investigação está tratando o crime como homicídio qualificado.
A Brigada Militar, como é chamada a Polícia Militar no Rio Grande do Sul, informou que a violência dos seguranças iniciou depois de um desentendimento entre a vítima e uma funcionária do mercado, que fica na Zona Norte da capital gaúcha. De acordo com informações da polícia, a vítima teria ameaçado bater na funcionária, que chamou a segurança.
“A esposa [da vítima] referiu que eles estavam no mercado fazendo compras, que o marido fez um gesto, que ela não soube especificar, para a fiscal. E ele teria sido conduzido para fora do mercado”, disse a delegada Roberta Bertoldo ao G1.
Freitas foi direcionado para área de caixas na entrada da loja e teria, de acordo com apuração da Polícia Civil, começado a briga após dar um soco no PM. Logo depois, Freitas foi surrado.
O PM alegou à polícia que não trabalhava de segurança no local, mas as câmeras confirmaram que era mentira.
“As imagens mostram que ele estava fazendo segurança”, disse a delegada Bertoldo.
A funcionária que primeiro teria tido o primeiro possível desentendido com a vítima ainda no caixa também foi prestar depoimento, mas as informações sequem em sigilo porque ela também faz parte da investigação. “Não vou especificar [o que foi dito] porque ela está sendo investigada”, afirmou a delegada.
Nas imagens que estão circulando nas redes sociais, é possível ver dois homens vestindo roupa preta, o que se assemelha com uniforme dos seguranças, dando socos no rosto do homem, que no momento já está no chão. Uma mulher próxima deles aparentemente filma toda a ação dos agressores. Na sequência, com sangue espalhado por todo o chão, outras pessoas ficam em volta do homem espancado, enquanto os dois agressores permanecem tentando mobilizá-lo.
Íntegra da nota do Carrefour
“O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário. O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais”.
Íntegra da nota da Brigada Militar
“Imediatamente após ter sido acionada para atendimento de ocorrência em supermercado da Capital, a Brigada Militar foi ao local e prendeu todos os envolvidos, inclusive o PM temporário, cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei. Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos. A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral”.