Estudos apresentados nesta sexta-feira (10.5), na governadoria, por representantes dos Ministérios das Relações Exteriores e da Infraestrutura e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comprovam a viabilidade da Rota Bioceânica Rodoviária, que deve impulsionar o comércio brasileiro. Entusiasta do projeto, o governador Reinaldo Azambuja afirmou que a rota é a concretização de um sonho que fará o Brasil ser um país muito mais competitivo.
O governador explicou que a conclusão da rota atenderá uma demanda crescente de produtos produzidos em Mato Grosso do Sul. “Entendo que a integração vai proporcionar competitividade ao Centro Oeste e ao Brasil. Um dos grandes gargalos do Brasil é a logística e a demanda por alimento é crescente no mundo e principalmente nos países asiáticos”, afirmou.
Para o ministro João Carlos Parkison de Castro, da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores, as rotas bioceânicas irão transformar Campo Grande em um entreposto importante, mas a cidade precisará se preparar. “Tem que melhorar o aeroporto, não só para carga, mas com voos diretos para Antofagasta [Chile]. Hoje tem que fazer três escalas e leva 17 horas para ir até lá. E precisamos de depósitos de carga. Mato Grosso do Sul tem que aproveitar essa posição central na rota”, exemplificou.
Na avaliação do secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, a concretização da rota Bioceânica, que já está em andamento, é irreversível por baratear o custo e encurtar o tempo do transporte.
“Chile já está fazendo suas obras, Argentina fazendo obras para integrar o norte daquele país, o Paraguai também e o Brasil integrando todo o Centro Oeste brasileiro. É uma realidade. Com as obras já iniciadas, podemos dizer que a rota não tem retorno. Ela vai ocorrer. Cabe a nós a potencialização, mostrar ao Brasil, atrair investimentos porque claramente já é uma realidade. Vamos conseguir realizar esse grande sonho, ligando Atlântico ao Pacífico de maneira competitiva e integrando todos esses países”, disse.
Verruck destacou ainda que a rota Bioceânica é de interesse de todos os países envolvidos. “Nós temos condições em cada um desses países para que se tenha competitividade. O que quer dizer competitividade? É a capacidade de você pegar um produto em Mato Grosso do Sul e leva-lo mais barato até a China do que pelo Atlântico. Esse é ponto fundamental e hoje isso está provado. Lembrando que o Brasil hoje é um grande exportador para o mercado asiático. O que talvez a 20, 30 anos era uma perspectiva, hoje é uma verdade”.
Apesar de obras pelo trajeto já estarem em andamento, como a ponte entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta (PY), as tratativas continuam para garantir que elas sigam o cronograma. De acordo com Verruck, Campo Grande irá sediar em agosto uma reunião com representante de todos os países; uma audiência no Senado Federal vai tratar de recursos do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit); e o governador Reinaldo Azambuja terá uma reunião sobre o assunto com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.
Mega-Sena
De acordo com o prefeito Derlei Delevatti, a rota Bioceânica já está transformando Porto Murtinho, atraindo o interesse de empresários em investir na região. “A visão da rota para Porto Murtinho é uma transformação completa. Estão vindo indústrias, empresários já estão nos procurando. Porto Murtinho era considerado fim de rota. Agora é meio de rota. Tem que vir o desenvolvimento e temos que nos preparar. Nós ganhamos a Mega-Sena. Porto Murtinho ganhou a Mega-Sena porque era uma coisa totalmente isolada, esquecida e, de uma hora para outra, nós ficamos no meio de uma rota muito importante que vai transformar o comércio mundial e tenho certeza de que nos próximos anos vamos usufruir desse prêmio”, disse. O Corretor Bioceânico Rodoviário terá 2.396 quilômetros, passando por Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
Fotos: Chico Ribeiro